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Abandono na Lagoinha: mãe presa denuncia violência sexual por parte de família que ofereceu emprego em BH

Advogado da mãe, Gregório Andrade, conversou com a Itatiaia sobre o caso

Crianças são trancadas e abandonadas em apartamento em BH

O caso envolvendo maus-tratos e abandono de duas crianças, de 6 e 9 anos, no bairro Lagoinha, região Noroeste de Belo Horizonte, e a morte do irmão delas, ganhou novo capítulo. A mãe das vítimas, que está presa desde o dia 6 de fevereiro, denunciou ter sido dopada e estuprada pelo suposto namorado.

“Ela não fazia comida. A comida era servida por ele. Toda vez que ela comia, segundo as palavras dela, ela ficava grogue. Nisso, às vezes, ela acordava em outro ambiente que não era aquele no qual havia adormecido. Algumas vezes, ela acordou com ele em cima dela”, disse o advogado da mãe, Gregório Andrade.

“O relacionamento é de sexo forçado, ou seja, estupro. Ela contou que era sistematicamente violentada”, acrescentou.

A mãe e o homem teriam se conhecido depois que a dona do imóvel onde a criança de 4 anos morreu, na cidade de São Joaquim de Bicas, na Grande BH, ofereceu emprego à família que veio de Goiás.

Ela é apontada como avó adotiva das crianças e é procurada pela polícia em razão do caso de abandono e maus-tratos ocorrido no bairro Lagoinha.

“Chegando em Belo Horizonte, a família teria sido abordada por essa mulher, que gostava de ser chamada de “vó”, de “serafina” e “velha”. Essa família era composta pelo pai, mãe e quatro filhos menores. Kátia estava esperando uma criança. Eles vieram procurar trabalho. Ela ofereceu trabalho em sítio”, relatou o advogado. De acordo com fontes ligadas a Itatiaia, ela teria aliciado a família em um esquema de exploração que remete a trabalho escravo. A exploração sexual não é descartada.

Já o companheiro da mãe, pai das crianças, está desaparecido. Há suspeita de que ele teria morrido de Covid-19.

Abandono na Lagoinha

As crianças foram encontradas abandonadas em um apartamento do bairro Lagoinha, região Noroeste de Belo Horizonte, e deram nomes falsos aos policiais, seguindo orientações da avó adotiva. Uma vizinha acionou a Polícia Militar (PM) para denunciar que elas estavam há três dias sem comida e banho. A avó adotiva não foi encontrada.

Conforme registro policial, os militares envolvidos na ocorrência só descobriram que os meninos deram nomes falsos quando foram ao hospital Odilon Behrens para saber informações sobre o estado de saúde.

A vizinha que encontrou as crianças afirmou nunca tê-las visto no prédio. No apartamento estavam duas mulheres, uma idosa e outra com cerca de 40 anos. À polícia, as crianças informaram que as mulheres são avó e tia adotivas.

“É a primeira vez que eu vejo eles, mas já vi o pessoal dessa casa, eles vêm aqui muito raramente, são duas senhoras, uma de idade e outra que aparenta ter mais ou menos uns 38 anos. Eles alegam que elas são tia e avó, mas eles não falam da mãe. Eu pensei até em arrombar o apartamento antes, só que o pessoal falou que ia dar invasão de domicílio”, disse a vizinha.

Filho morto

Conforme registro policial sobre a ocorrência do dia 6 deste mês, a mãe disse que dormia com duas crianças em um quarto e o filho que morreu estava em outro. A mulher contou que as crianças acordaram para fazer xixi e ela encontrou o filho de quatro anos caído no chão de barriga para baixo, com os olhos roxos e sem responder aos chamados. Ela, então, teria chamado o namorado, que estava no quintal, e levado o menino para a UPA, onde chegou morto.

A mãe apresentou versões para os ferimentos do filho: ele teria caído e sido queimado por uma lagarta.

Acionada, a Polícia Militar foi até a casa da família e encontrou as outras crianças, com sinais de desnutrição, na casa de uma vizinha. Elas foram levadas ao Conselho Tutelar.

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Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.
Repórter policial e investigativo, apresentador do Itatiaia Patrulha.