O ciclista José Afro Ruas Filho, 42 anos, teve alta nesta terça-feira (14) após ser atropelado e ter a perna esquerda amputada. Ele estava internado no Hospital João XXIII deste o dia do atropelamento. O acidente foi registrado por câmeras de segurança, na avenida Cristiano Machado, no bairro Floramar na região Norte de Belo Horizonte, e mostra um veículo em alta velocidade, mudando de faixa e atropelando, pelas costas, o ciclista.
“Tô me sentido muito bem, apesar da tragédia de ter perdido a pena. Fui muito bem atendido, teve uma repercussão positiva nas redes e uma mobilização de ciclistas e não ciclistas. Isso tudo me fez muito mais forte. As mensagens dos amigos e apoio da família, me fez sentir muito bem. Daqui a frente é recuperar 100% e iniciar o processo de prótese e, em breve, estar com 100% dos movimentos. Vida que segue.”
Segundo informações da Polícia Militar (PMMG), o motorista assumiu ter ingerido bebida alcoólica. A vítima foi socorrida pelo Samu para o Pronto Socorro João XXIII. O acidente aconteceu no sábado (4). Para José Afonso, o fato do motorista ter ingerido bebida alcóolica é uma das coisas mais trágicas da situação.
“Isso eu acho que foi uma das coisas mais trágicas da situação, sabe? A pessoa sai pra beber e dirigir o carro, ela está assumindo o risco de tudo o que for acontecer a partir dali. Eu sempre tive muito cuidado com isso. Eu me preocupo muito em expor os meus filhos a esse tipo de risco. Eu quero que eles cresçam no futuro sabendo o risco que é isso de dirigir e consumir bebida alcoólica. O que eu espero que aconteça com ele é justiça. Que ele pague por tudo que ele nos fez sofrer e por a toda falta de liberdade que ele me causou. O prejuízo que ele me deu não tem não tem como quantificar. Eu confio na justiça.”
José Afro disse, ainda, que espera que o motorista tenha consciência do erro para que isso não volte a se repetir, com outras pessoas.
“Que na consciência dele, ele entenda e repasse pros próximos dele, pros demais, pros filhos, pra quem ele conheça que ele errou e que e que isso não se deve fazer. Que o grande ideal disso tudo é que sirva de exemplo pra muitas pessoas, pra que isso não aconteça novamente.”
José Afro passou por duas cirurgias, uma na perna e outra no rosto, teve a perna amputada e chegou a ficar em coma induzido.
“Eu tive uma amputação do pé e parte da perna no acidente. No hospital a gente passou por uma cirurgia pra pra deixar a perna da melhor forma de protetização. Então, desmobilizaram o joelho e acabou que eu perdi então do joelho pra baixo, eu perdi tudo. E uma outra cirurgia foi na cabeça, formou um coágulo grande na minha testa. Tem uns dez pontos aqui na testa e inchou.”
O motorista do veículo é um homem de 28 anos, que assumiu ter ingerido bebida alcoólica durante a madrugada, conforme informações da PM.
Ele disse disse aos policiais que cochilou ao volante e só acordou com o barulho do impacto da batida.
Segurança para ciclistas
José Afro relata a falta de segurança para ciclistas nas ruas de Belo Horizonte e afirma que praticar a atividade é quase um “suicídio”.
“Aqui em Belo Horizonte tem vias que são praticamente o suicídio. Eu por exemplo, do meu ponto de partida, pelo horário e pelo trajeto que eu ia pegar a gente tem uma consciência de que o risco é reduzido. No meu caso eu ia pegar a Cristiano Machado sentido bairro, sábado às sete horas da manhã. Muitos ciclistas, assim como, buscam fazer os seus treinos lá no acostamento da Linha Verde, passamos por esse caminho e vamos no canto da pista do MOVE que se torna uma uma via menos insegura. Mas, mesmo assim, é perigoso porque está sujeito a outros fatos igual aconteceu comigo. Um carro avançar a faixa exclusiva de ônibus, embriagado. Infelizmente, eu passei por ele na hora errada. As nossas vidas se encontraram na hora errada, no momento errado.”