Ouvindo...

Justiça determina prisão preventiva de pai e madrasta de menino de 2 anos que morreu em BH

O garotinho deve ser enterrado nesta quarta-feira em Santa Luzia

A Justiça converteu a prisão em flagrante para preventiva do pai e da madrasta do pequeno Ian Henrique Almeida Rocha, de 2 anos, que morreu nessa terça-feira (10) no Pronto-Socorro do Hospital João XXIII, em Belo Horizonte. A decisão é da juíza Juliana Beretta Kirche Ferreira Pinto.

M.R.S, de 32, e a madrasta B.C.S, de 36, já tinham sido autuados pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) por “omissão de socorro qualificada”. O garotinho deve ser enterrado nesta quarta-feira (11) em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

A decisão, a que a Itatiaia teve acesso, mostra que o garoto teve morte encefálica. “Os depoimentos dos autores são extremamente frágeis, inconsistentes, carecem de credibilidade perceptível ao homem médio, revelando-se a extrema brutalidade das agressões que vitimou a criança Ian, agredida violentamente, ceifando-lhe a vida”, disse.

Medo da casa do pai

Ontem, a mãe da criança, Isabela Carolina de Almeida Costa, de 27 , afirmou à reportagem da Itatiaia que o filho tinha medo de ir para a casa do pai e sempre voltava com hematomas ou sangrando.

A juíza ainda remete o caso de Ian ao “triste e emblemático” episódio de Henry Borel, que morreu em março de 2021, na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro.

“O caso remete ao triste e emblemático precedente de Henry Borel, amplamente divulgado pela mídia. Portanto, por qualquer ângulo que se analise a questão, o caso demanda o aprofundamento das investigações, inclusive o célere resultado da perícia no local do crime e o necessário laudo de necropsia da vítima (constatada contemporaneamente com morte encefálica), sendo de rigor a conversão da prisão em flagrante em preventiva de ambos os autuados”, disse.

Leia também:
Versão dos suspeitos

De acordo com o boletim de ocorrência, o pai da criança disse aos policiais que, por volta das 13h de sábado (7), saiu de casa, que fica no bairro Jaqueline, na região Norte, para cortar o cabelo e deixou o pequeno com a namorada. Na versão da madrasta, ela foi ao quarto e o enteado ficou na sala.

Ela afirma que, nesse momento, escutou um barulho na cozinha e, em seguida, o choro da criança. Foi então que notou “uma vermelhidão nas costas e um e amassamento na cabeça”. Na versão dela, durante o almoço, uma panela caiu e derrubou frango com quiabo e deixando o piso escorregadio.

O pai contou que estava no cabelereiro quando recebeu uma ligação da namorada dizendo que o menino havia caído e que ela o teria medicado com um remédio anti-inflamatório. Quando retornou, na versão do pai, o filho estava “normal”.

Por volta das 17h30, o pai saiu para trabalhar. Às 19h, a madrasta disse que fez o jantar para a criança e deixou o menino assistindo desenho no celular enquanto tomava banho. Quando saiu, viu a lesão na boca do garoto. Uma hora depois, a mulher percebeu que o enteado havia vomitado e se queixava de dores na região do pescoço.

O pai disse que, por volta das 00h30, recebeu uma mensagem de áudio no WhatsApp enviada pela namorada. Em seguida, na versão dela, a família foi dormir e o menino deitou junto com ela na cama.

Quando o pai chegou em casa, por volta das 3h, encontrou o filho “deitado com a cabeça no sofá e os pés para fora de maneira estranha”.

Ele foi ao quarto e perguntou à companheira onde a criança estava. Ela teria acordado assustada procurando pelo enteado na cama.

O pai contou à polícia que a criança estava “com a mão esquerda torta e as pernas duras”. Ele afirmou que tentou abrir os olhos do pequeno, mas ele não acordava.

Foi então que o pai socorreu o menino para o Hospital Risoleta Neves. Durante o atendimento, ele sofreu duas paradas cardíacas e, por isso, foi encaminhado para o Hospital João XXIII Pronto-Socorro.

O casal foi encaminhado ao sistema prisional. “A investigação prossegue na Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Dopcad) para completa elucidação dos fatos”, informou a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG).

Ontem, a PCMG confirmou o falecimento do menino. " O corpo está no Hospital João XXIII, onde havia dado entrada no dia 8/1, aguardando remoção para o Instituto Médico Legal (IML). Posteriormente, será periciado para apuração da causa da morte”, informou.

(com informações de Renato Rios Neto)

Formou em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.
Repórter policial e investigativo, apresentador do Itatiaia Patrulha.
Leia mais