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Moradores questionam conclusão de obra anunciada pela PBH em aglomerado na Pampulha

A PBH anunciou a conclusão de uma obra de contenção de risco em um aglomerado na Pampulha, mas moradores alegam que obra não foi feita

Moradores relatam que barranco está cedendo com a chuva

Moradores da Vila Novo Ouro Preto, na região da Pampulha, contrariam informações da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), que publicou, na última quinta-feira (5), que uma obra em área de risco teria sido realizada na região, que estava sob alerta de risco geológico. As intervenções tiveram um investimento do município de aproximadamente R$113 mil e fazem parte do Programa Estrutural em Áreas de Risco (Pear).

Segundo a PBH, um muro de contenção foi construído na rua Otaviano Neves, além da realização do tratamento da encosta e implantação de sistema de drenagem. Os moradores da região, entretanto, relatam que um barranco está cedendo e que eles próprios precisaram comprar uma lona para evitar que a terra e árvores despencassem com a chuva.

“Passa água ali e já fico com medo. Tem que ficar arrastando a água e esse barraco aqui do lado está cedendo. Agora mesmo eu comprei uma lona pra pôr lá, e aqui a prefeitura não fez nada não”, relatou a Maria do Rosário Gonçalves, de 47 anos e moradora da Vila Novo Ouro Preto há um ano.

Ainda segundo os moradores, uma família precisou se mudar depois que parte do barranco cedeu e derrubou o barraco onde moravam. Dalton Ferreira, que mora na região há 37 anos, afirma que agentes da prefeitura vão constantemente ao local fazer medições, mas que nenhuma obra foi feita.

“A noite a gente não está conseguindo dormir por causa de um barranco do lado de cima, que ele já tem mais de dez metros de altura e a gente fica morrendo de medo. A prefeitura está muito enganada, já mediu a rua aqui umas dez vezes e não faz nada. Tempo do barranco cair aqui embaixo nos carros, eu até fiz essa essa proteção aqui pra ver se ela para um bocado desse entulho de descer. Aconteceu tragédia aqui já, o pessoal teve que mudar daqui porque o barraco deles caiu. Aqui morava cinco pessoas, todos precisaram mudar e agora é só barranco.”

Além disso, moradores da Vila Novo Ouro Preto também relatam que uma escada, que havia sido construída pela própria prefeitura para ajudar no acesso ao aglomerado, está danificada e com degraus faltando.

“Foi uma coisa paliativa que fizeram momentaneamente, mas falaram que ia retornar para fazer o negócio do jeito correto e, devido à época de chuva, falaram que não tinha como dar continuidade aos trabalhos. Até hoje, do jeito que começou, deixaram. Quando a gente vai levar a criança pra escola, tem que levar ela no colo. Umas 80 famílias moram aqui e a criança já caiu da escada, que quebrou”, relatou Walisson dos Santos, de 39 anos.

Posicionamento da PBH

Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, as obras foram feitas a partir de uma vistoria solicitada em 2021. Na época, uma equipe da Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel) constatou a ocorrência de escorregamento da encosta e necessidade de remover temporariamente uma família, já que o risco geológico era muito alto. A moradores, segundo a PBH, retornou à Vila Novo Ouro Preto em dezembro de 2022.

O diretor-presidente da Urbel, Claudius Vinicius Leite, explica que a obra de R$113 mil para conter o risco geológico foi feita na Vila Novo Ouro Preto, mas que foi de pequeno porte e que os moradores podem solicitar, novamente, uma vistoria da Defesa Civil.

“A obra foi concluída e ela está lá, é uma impermeabilização, uma pequena contenção do pé. As pessoas, por óbvio, reclamam porque sempre em período de chuva são áreas que tem pouca infraestrutura e tem muitos incômodos, mas eu aconselho as pessoas que se sentirem inseguras a pedir uma vistoria no 199, na Defesa Civil, ou na Urbel, no 32776409. O mais indicado é ligar na Defesa Civil, porque existe um plantonista que recebe essas chamadas 24 horas por dia. Se a pessoa estiver com medo, a gente respeita a percepção de medo das pessoas, elas se afastam, pedem a vistoria e só voltam pra casa depois da vistoria executada”.

Já sobre a escada de acesso ao aglomerado, que, segundo os moradores da Vila Novo Ouro Preto, estaria danificada, Claudius Vinicius afirma que é preciso que as pessoas entrem em contato com a Urbel, que irá identificar os problemas e realizar uma obra de manutenção.

“Nós temos um contrato de manutenção, que soma hoje aproximadamente R$18 milhões, e um dos principais itens pedidos é o de corrimão, que é o que mais quebra. A população pode pedir na Urbel, no telefone 32776409, que é na área de manutenção e área de risco”.

Obras paliativas

Em 2022, a Prefeitura de Belo Horizonte concluiu cerca de 80 obras paliativas a fim de evitar tragédias associadas ao risco geológico. Além disso, outras 46 obras continuam em andamento. Ainda conforme o diretor-presidente da Urbel, Claudius Vinicius, entre janeiro de dezembro de 2022, foram feitas 2500 vistorias aproximadamente e 368 famílias foram removidas e estão recebendo bolsa moradia ou auxílio pecuniário, enquanto as obras de contenção não são finalizadas.

Claudius Vinícius ressaltou, também, que das 46 obras em andamento 11 são na região do Barreiro, 13 na Centro-Sul, 23 na regional Leste, oito na região Oeste, sete na Nordeste, três na Noroeste, uma na região Norte, quatro em Venda Nova e dez na Pampulha.