O julgamento do Caso Lorenza deve ser retomado no próximo dia 15 de dezembro, no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, em Belo Horizonte. A audiência estava suspensa desde o dia 10 de agosto para que a perícia apresentasse novas informações solicitadas.
O promotor afastado André Luís Garcia de Pinho é acusado de ter assassinado a esposa, Lorenza Maria de Pinho, em abril de 2021. No início de agosto, treze testemunhas já foram ouvidas, incluindo o pai, irmã e filhos de Lorenza, além dos profissionais de saúde que atenderam a vítima no dia da morte e da delegada da Polícia Civil.
Relembre o caso
Lorenza foi encontrada morta em abril de 2021, no apartamento do casal, no bairro Buritis, região Oeste de Belo Horizonte. De acordo com a conclusão do inquérito feito pelo Ministério Público, com apoio da Polícia Civil, o responsável pelo crime seria André Luiz Garcia de Pinho, que segue preso preventivamente.
No dia da morte, o réu disse que a esposa havia se engasgado enquanto dormia após tomar remédios e ingerir bebida alcoólica. Um atestado de óbito emitido por dois médicos, que também foram indiciados, confirmou a versão do promotor. No entanto, outra perícia feita no Instituto Médico Legal (IML) apontou que a causa da morte seria intoxicação e asfixia por enforcamento.
Quem foi ouvido até o momento
Até o momento, em dois dias de julgamento no início de agosto, treze pessoas foram ouvidas. No primeiro dia de oitivas, sete pessoas foram ouvidas, sendo as duas primeiras o pai de Lorenza, Marco Aurélio Silva, e a irmã gêmea dela, Amanda Tito. Antes de começar a ser ouvida, a irmã de Lorenza pediu que o promotor fosse retirado da sessão, por ter medo dele, que já teria ameaçado grampear o telefone dela.
Após escutar pai e irmã, desembargadores coletaram os relatos de uma investigadora da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), da delegada Letícia Gamboge (à frente do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa – DHPP) e da ex-mulher do pai de Lorenza.
A sexta testemunha foi uma técnica de enfermagem do Hospital Mater Dei, que participou do socorro a Lorenza de Pinho. No depoimento, a profissional detalhou que Lorenza era diagnosticada com depressão e era constantemente atendida na unidade de saúde. Ela disse ainda que circulavam suspeitas no hospital de que Lorenza tinha vício em opióides – medicamentos à base de morfina.
O primeiro dia de julgamento terminou com a oitiva de uma médica também do hospital particular. Ela, assim como a irmã de Lorenza, solicitou a saída de André de Pinho da sessão. Aos desembargadores, ela declarou que o promotor tinha um ‘comportamento intimidador’ e chegou a colocar uma arma de fogo sobre as mesas dos médicos durante os atendimentos da mulher na unidade de saúde.
No segundo dia de audiência foram ouvidas seis testemunhas de defesa, sendo elas os filhos do casal e uma psicóloga que os atendia. O filho mais velho de Lorenza e André defendeu o pai e afirmou que a mãe era doente física e mental e tinha uma relação muito conturbada com os filhos.
A psicóloga da Polícia Civil, que atendeu os cinco filhos do casal, também foi ouvida, e disse ter ficado surpreendida com o fato dos filhos estarem mais abalados com a prisão do pai, do que com a morte da mãe.
Foro privilegiado
A lei prevê que André de Pinho, como promotor afastado, possui foro privilegiado e, portanto, não irá a júri popular. Ele será julgado em segunda instância por um corpo de 25 desembargadores.
Após a conclusão dos procedimentos, o desembargador relator do processo Wanderley Paiva será o primeiro a proferir o voto, pela condenação ou não, seguido pelos outros desembargadores que compõem o grupo.