O caso de agressão contra um colega autista de 13 anos, na escola Santo Tomás de Aquino, no bairro São Bento, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, se tornou tema de discussão, nessa terça-feira (22), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Estiveram reunidos: deputados, delegado, escola envolvida e a mãe do aluno agredido.
O caso ocorreu em 1º de novembro. Segundo a mãe da vítima, ele foi derrubado e imobilizado por um golpe conhecido por mata-leão, aplicado duas vezes pelo colega de sala, também adolescente. Era o momento da troca de professores e, por isso, não havia adultos na sala. Ao chegar, a professora teria mandado cada um para sua carteira e prosseguido normalmente com a aula.
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Segundo a mãe, o filho passou por várias outras humilhações na escola desde o início do ano, muitas vezes praticadas pelo mesmo adolescente. Os casos envolvem desde estrangulamento até chute na canela, passando pela destruição de seu fone para conter barulho. Para ela, o zelo e cuidado que a escola defende ter tido não foram suficientes.
Ela ainda disse que situação do filho piorou demais após o episódio: o ele teria tentado suicídio.
A mãe acusa colégio de omissão
Ela contou que tentou vários contatos com a escola, mas que a atenção só veio após a repercussão do caso na mídia e ainda acusou o colégio de omissão. “Eles sabiam do diagnóstico de TEA. Meu filho não tinha professor auxiliar, como prevê a lei, e ainda foi deixado sozinho”, enfatizou.
Durante a audiência, a advogada do colégio, Renata Mendes Rocha, não comentou o fato específico por entender que houve um relato unilateral, mas enfatizou o respeito da escola pelas famílias envolvidas e o dever de preservar os adolescentes
A mãe do agressor não compareceu, mas mandou uma carta dizendo que o filho foi diagnosticado com transtorno do deficit de atenção e hiperatividade (TDAH) aos nove anos.
Depois disso sofreu um grave acidente de carro e, na sequência, perdeu o pai, vítima de outro acidente. Com isso, o adolescente teria desenvolvido uma depressão severa, com necessidade de acompanhamento especializado.
“Complexo”
O presidente Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep), Winder Almeida, classificou o episódio como “atípico” e “complexo”.
“O assunto é sempre uma preocupação nossa, estamos sempre focados no treinamento, na formação dos profissionais da escola. Mas, a gente entende que são casos atípicos que, infelizmente, acontecem depois da pandemia. São dois anos de escolas fechadas e esses alunos dentro de casa. Então, a escola, hoje, tem um trabalho todo voltado para socialização desses alunos”, disse.
“O caso é complexo. A criança agredida e, também, o agressor têm um transtorno. Dentro de uma escola grande, onde tem vários ambientes, não tem como ter um adulto para cada criança - , mesmo com o número grande de profissionais dentro tentando cuidar de todos os ambientes”, afirmou o presidente do sindicato”, continuou.
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) segue com as investigações, mas em sigilo, conforme determina o Estatuto da Criança e do Adolescente.