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IAPI: conjunto na Lagoinha se confunde com a história de Belo Horizonte

Uma cidade dentro da outra: o conjunto, construído entre 1940 e 1947, já foi palco até do cantor Agnaldo Timóteo

Os institutos de previdência foram instituídos pelo governo Getúlio Vargas

Nove edifícios, um conjunto de quadras esportivas, uma igreja, uma escola e espaço para comércio. Todos os prédios conectados por uma passarela. Isso tudo em uma das avenidas mais movimentadas da cidade: Antônio Carlos. Nesta sexta-feira (1º), a reportagem da Itatiaia conta a história do conjunto IAPI, no bairro São Cristóvão, na Região Noroeste de Belo Horizonte.

A professora de arquitetura da Universidade Federal de Minas (UFMG) Vanessa Taboagens disse que o conjunto foi construído entre 1940 e 1947, na época na gestão de Juscelino Kubitschek.

“Foram 70 mil m² para os novos edifícios, projetados pelos engenheiros White Lira da Silva, José Barreto de Andrade e Antônio Neves.”

Os institutos de previdência foram instituídos pelo governo Getúlio Vargas e pretendiam garantir aos trabalhadores assistência social e previdenciária. “O IAPI correspondia aos industriários, que aproveitaram no sentido positivo para prover a seus associados habitação financiada a baixo custo”, completou.

Rodrigo dos Santos Cesário, o Digão, mora há 51 anos no IAPI, ou seja, desde que nasceu. A família dele também está lá desde sempre. O pai dele trabalhava no Instituto de Previdência. Ele diz que se depender dele, não sai de lá tão cedo.

“Você tem tudo dentro de casa: supermercado, mercado, templos religiosos, UPA e o Hospital Odilon. Além disso, estamos na Antônio Carlos que tem uma abrangência muito grande que ligando o Centro até a Pampulha. Temos acessos com muita tranquilidade”, disse. O cantor Agnaldo Timóteo até já se apresentou no conjunto. “Foi muito bacana”, completou o morador.

O aumento do número dos moradores em situação de rua na capital mineira e, principalmente, no entorno do conjunto, preocupa. “É um problema social e tem aumentado muito. Não tem um bairro que você vá se sentir seguro”, afirmou.

Valderez dos Santos é síndica do bloco 9, mora lá há 61 anos e diz que todos os blocos contam com uma equipe de funcionários. “Nós temos sistema de portaria que é com ‘tag’, nós não usamos chave mais. O bloco é monitorado com quinze câmeras. É muita coisa para resolver”, disse.

Neste sábado (2), a reportagem vai até Condomínio do Edifício Sulacap, as torres gêmeas de Belo Horizonte.

Jornalista graduado pela PUC Minas; atua como apresentador, repórter e produtor na Rádio Itatiaia em Belo Horizonte desde 2019; repórter setorista da Câmara Municipal de Belo Horizonte.