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PM é preso após mulher denunciar estupro dentro de posto policial após ser parada em blitz

Vítima contou que foi levada para um dormitório após abordagem; PM e colegas que estavam de serviço foram afastados, após caso em em Pernambuco

Batalhão de Polícia Rodoviária na PE-60, no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife.

Um policial militar foi preso preventivamente por suspeita de estuprar uma mulher dentro de um posto do Batalhão da Polícia Militar Rodoviária (BPRv), em Cabo de Santo Agostinho, no Recife, nessa quarta-feira (15).

De acordo com a investigação, a mulher, uma amiga e as duas filhas estavam a caminho de uma praia da região, quando passaram pela rodovia PE-60 sendo paradas por três agentes, que pediram para ela descer do carro. Nesse momento, um dos policiais disse aos colegas de profissão que levaria a vítima para beber água. Porém, a mulher foi levada até um dormitório, onde os abusos foram cometidos.

“Eu pedi para ele não fazer aquilo. Eu falei: ‘Moço, minhas filhas estão ali. Não faz isso’. E ele insistindo, levantando meu vestido e me mandou ficar de costas. Lá ele abusou de mim, fez tudo o que ele queria”, disse a vítima em entrevista à TV Globo.

O crime aconteceu na última sexta-feira (10). Procuradas pela reportagem, a Polícia Civil (PC) e a Secretaria de Defesa Social (SDS) disseram que investigam o caso e que repudiam “veementemente qualquer forma de violência, especialmente aquela praticada por agentes públicos contra a integridade, a dignidade e a vida das mulheres”. Eles acrescentaram que o policial suspeito do crime se apresentou voluntariamente.

Conforme a SDS, além do PM envolvido no crime, todos os policiais que estavam em serviço no posto foram afastados do cargo preventivamente. O Inquérito Policial Militar (IPM) será encaminhado à Justiça e à Corregedoria-Geral da SDS, que instaurará um Conselho de Disciplina para avaliar a conduta do policial.

“A punição pode chegar à exclusão dos quadros da Polícia Militar de Pernambuco”, afirmou o comandante-geral da PMPE, coronel Ivanildo Torres.

Estupro em Batalhão da Polícia Rodoviária

Ainda de acordo com a vítima, o policial alegou que o veículo estava com atraso no pagamento de uma multa e do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). Ela esclareceu, no momento, que comprou o carro há poucos dias e que não sabia dos débitos. No local, ela ainda chegou a ligar para o vendedor do veículo, que disse que iria resolver a questão na segunda-feira (13).

“Na hora, ele ficou com aquela conversa, perguntou o que eu fazia, de onde eu era e tudo mais. Depois, ele disse que eu ia beber água e me levou até um quarto que tem lá dentro, começou a levantar meu vestido, apagou a luz e começaram os abusos”, relembrou a vítima.

Após o estupro, ela contou também que o PM entregou uma toalha que estava no local para a mulher se limpar, mandou que ela tomasse água e, logo em seguida, a liberou.

“Eu saí meio assustada, direto para o carro, sem olhar para trás, e ele disse que eu estava liberada. Aí eu fui embora. Eu tive medo de represália, medo de tudo, ele sabe onde eu trabalho, onde eu moro”, finalizou ela.

O secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, repudiou o crime.

“A nossa prestigiosa Polícia Militar é formada por milhares de homens e mulheres que, diariamente, se dedicam com coragem à proteção da sociedade. Infelizmente, um servidor que não honrou a farda cometeu um crime bárbaro e deve ser punido exemplarmente. É absolutamente inadmissível que uma violência dessa natureza seja praticada por um agente do Estado, dentro de uma repartição pública. Por isso, agimos com agilidade e rigor para esclarecer o caso e garantir a responsabilização do autor.”

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.