Em meio às variadas ameaças e pressões que recaem sobre a Amazônia, bioma que representa 49% do território brasileiro, se estende por mais oito países e abriga a maior biodiversidade do planeta, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) divulga o documento “Considerações da Ciência Brasileira sobre a Amazônia”.
A publicação, que compila artigos de mais de 40 cientistas proeminentes no país, é resultado dos esforços de um grupo de trabalho constituído neste ano voltado para o bioma. O documento é formado por 27 resumos temáticos elaborados por especialistas. Os textos oferecem uma revisão do estado atual da ciência sobre a Amazônia e apresentam recomendações em formato de bullet points para tomadores de decisão e interessados em políticas públicas.
Entre os temas abordados, destacam-se a biodiversidade da região, a oferta e a disponibilidade de água, o impacto das mudanças climáticas sobre as espécies e outras ameaças que contribuem para a vulnerabilidade socioambiental, além de discussões sobre urbanização, mineração, saúde, política e ciência, entre outros. Esta é a terceira publicação lançada pela ABC no contexto dos debates da COP30. Dias antes da conferência, a Academia também organizou o evento “Um chamado científico para a COP30”.
O encontro reuniu representantes de Academias de Ciências de países amazônicos e de outras nações que colaboram com pesquisas e financiamentos de ações de conservação na região, resultando em um documento com recomendações para as delegações presentes na COP30. A nova publicação foi coordenada pelo pesquisador do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) e vice-presidente da ABC para a Região Norte, Adalberto Val. Além dele, integram o grupo de trabalho sobre a Amazônia os cientistas Fabiano Lopes Thompson (UFRJ), Ima Célia Guimarães Vieira (MPEG), Karen Barbara Strier (Universidade de Wisconsin, EUA), Maria Teresa Fernandez Piedade (INPA) e Neusa Hamada (INPA).
O livro conta ainda com a participação de diversos outros colaboradores, incluindo cientistas de diferentes instituições nacionais e regionais, como INPA, UFPA, UEPA, Fiocruz, INMA, ICMBio, Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado, UnB, USP, UFRJ, UFBA, UFPE, entre outras.
“O sistema amazônico é um organismo integrado: a saúde da floresta determina a dos rios, que, por sua vez, sustentam as populações que habitam a região. Quando uma dessas partes é pressionada, todo o sistema sente o impacto. Proteger a Amazônia exige, simultaneamente, conservar seus ecossistemas, garantir dignidade e oportunidades para suas populações, e enfrentar de forma decisiva a dependência global de combustíveis fósseis. A ciência já mostrou o caminho, agora precisamos que a política acompanhe a urgência do momento”, afirma Adalberto Val, ressaltando que as discussões devem prosseguir mesmo após o término da COP30.
“No Brasil, é imprescindível que continuemos a fazer nossa parte: reduzindo o desmatamento; reflorestando e reabilitando áreas degradadas; mitigando os efeitos sobre a segurança alimentar; ampliando os estudos acerca dos biomas brasileiros, não apenas descrevendo suas características, mas compreendendo-os e desenvolvendo estratégias de proteção; e ensinando desde a infância a importância de cuidar do ambiente em que vivemos”, conclui.