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Nióbio brasileiro: entenda para que serve e porque é tão estratégico

A posição do Brasil como principal fornecedor de nióbio o coloca no centro de uma cadeia produtiva global

A posição do Brasil como principal fornecedor de nióbio o coloca no centro de uma cadeia produtiva global

Com cerca de 98% das reservas ativas de nióbio do planeta, o Brasil detém uma posição de liderança global nesse recurso mineral pouco conhecido para o grande público, mas essencial para a tecnologia moderna. O cenário coloca o país não apenas como o maior produtor, mas o principal ator em um mercado de alta especialização e valor estratégico.

A compreensão da função do nióbio é essencial para analisar o papel do país na economia global e nas cadeias produtivas de alta tecnologia. O nióbio (Nb) é um metal de transição, dúctil, de coloração cinza e altamente resistente à corrosão.

A principal propriedade dele, o que o torna tão requisitado, é a capacidade de alterar de forma drástica as características de outros metais. Isso quando adicionado em pequenas quantidades.

Além disso, algumas características de gramas de nióbio em uma tonelada de aço são suficientes para tornar a liga metálica muito mais forte, leve e resistente a temperaturas extremas.

Essa capacidade o torna um componente insubstituível em diversas aplicações de ponta. Suas principais utilidades incluem:

Siderurgia: Esse é o maior mercado para o nióbio. Ele é usado na fabricação de aços de alta resistência e baixa liga (HSLA), empregados em estruturas que exigem leveza e robustez, como pontes, viadutos, gasodutos, plataformas de petróleo e chassis de automóveis.

Indústria aeroespacial e de defesa: Superligas de nióbio são cruciais na fabricação de turbinas de aviões a jato, componentes de foguetes e mísseis, pois suportam temperaturas altíssimas sem perder a integridade estrutural.

Tecnologia e saúde: O metal é um supercondutor em baixas temperaturas, sendo essencial para a produção de ímãs super potentes usados em equipamentos de ressonância magnética e em aceleradores de partículas, como o Grande Colisor de Hádrons (LHC).

Outras aplicações: Também é utilizado em lentes óticas, joias (devido à sua capacidade de ser anodizado e adquirir cores vibrantes) e, mais recentemente, em pesquisas para o desenvolvimento de baterias de carregamento ultrarrápido.

Por que o nióbio é tão valioso e estratégico?

A importância estratégica do nióbio reside na insubstituibilidade em aplicações críticas e na concentração geográfica de suas reservas.

Com isso, o valor deste recurso natural não reside apenas pelo seu preço no mercado internacional, que flutua como o de outras commodities.

O acesso ao nióbio é, para muitas nações industrializadas, uma questão de segurança tecnológica e industrial.

O caráter crucial do metal deriva de três fatores principais: sua aplicação em setores de defesa e aeroespacial, sua capacidade de agregar valor tecnológico e eficiência energética (carros mais leves consomem menos combustível) e a ausência de substitutos viáveis com o mesmo desempenho e custo-benefício.

A combinação transforma o controle sobre o fornecimento de nióbio em uma poderosa ferramenta geopolítica. Nesse sentido, a posição do Brasil como principal fornecedor de nióbio o coloca no centro de uma cadeia produtiva global indispensável para a inovação.

(Sob supervisão de Edu Oliveira)

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Rebeca Nicholls é estagiária do digital da Itatiaia com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo. É estudante de jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH). Tem passagem pelo Laboratório de Comunicação e Audiovisual do UniBH (CACAU), pela Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) e pelo jornal Estado de Minas