A partir de janeiro de 2026, brasileiros que recebem até R$ 5 mil por mês passam a viver uma mudança significativa no dia a dia financeiro. O Imposto de Renda deixa de ser descontado do salário, o que altera de forma direta o valor que chega à conta no fim do mês. Para milhões de famílias, essa diferença representa mais tranquilidade para organizar o orçamento, assumir compromissos e planejar gastos sem o aperto que vinha sendo comum.
Na prática, o valor que antes era retido mensalmente passa a permanecer com o trabalhador ao longo do ano. Em muitos casos, essa soma se aproxima de um 14º salário, criando uma margem importante para lidar com despesas fixas, quitar dívidas ou investir em prioridades como saúde, educação e bem-estar da família. O impacto não aparece em um único momento, mas se constrói mês a mês, com reflexos diretos no orçamento familiar.
Quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7.350 também será beneficiado. Nessa faixa, o imposto passa a ser aplicado de forma progressiva, com redução gradual do valor cobrado conforme a renda se aproxima do teto. Acima desse limite, a tributação segue sem alterações. O formato adotado evita saltos bruscos no desconto e traz mais previsibilidade para quem está no meio do caminho.
Quanto vai sobrar no mês
Uma das perguntas mais frequentes é quanto cada trabalhador vai deixar de pagar com a nova regra. A resposta varia conforme o salário e possíveis mudanças ao longo do ano, mas estimativas ajudam a dimensionar o efeito.
Para quem recebe R$ 5 mil por mês, simulações indicam uma economia mensal em torno de R$ 312. No acumulado do ano, considerando também o 13º. salário, o valor pode se aproximar de R$ 4 mil. No cotidiano, esse dinheiro vai ajudar nas despesas que pesam no orçamento, como contas básicas, mensalidades escolares, medicamentos ou pequenos investimentos pessoais.
Já para rendas entre R$ 5 mil e R$ 7.350, a redução é aplicada de forma gradual e diminui conforme o salário aumenta. Isso significa que trabalhadores com valores próximos podem sentir impactos diferentes, especialmente quando entram na conta horas extras, comissões, adicionais ou bônus pagos em determinados meses.
Um cuidado importante é observar sempre o rendimento bruto. O limite da isenção considera o valor antes dos descontos, e não o salário líquido.
Reflexos no dia a dia
O fim ou a redução do desconto no contracheque representa mais do que um ajuste contábil. Para muitas famílias, esse dinheiro abre espaço para decisões que vinham sendo adiadas, como marcar consultas, fazer exames, comprar materiais escolares ou organizar melhor as despesas da casa. Com mais recursos circulando entre quem vive do trabalho, o consumo tende a crescer de forma natural, movimentando comércio e serviços nas cidades.
Esse movimento beneficia não apenas quem deixa de pagar o imposto, mas toda a engrenagem da economia. Mais dinheiro em circulação gera mais atividade, mais renda e mais oportunidades de trabalho, criando um efeito em cadeia que alcança os mais diferentes setores.
A contribuição tributária segue sendo fundamental para financiar serviços públicos e políticas sociais. O que muda é a maneira como essa contribuição passa a ser repartida entre as diferentes faixas de renda. Pela primeira vez em mais de 100 anos de Imposto de Renda no país, o sistema avança para cobrar mais de quem está no topo da renda e aliviar quem move a economia no dia a dia. Trata-se de uma correção de distorções históricas que faziam com que rendas muito elevadas tivessem uma participação menor na arrecadação.
Nova regra para os super ricos
Com a nova regra, contribuintes com renda acima de R$ 50 mil por mês, ou superior a R$ 600 mil por ano, passam a ter uma alíquota mínima progressiva que pode chegar a 10%. Antes, a média efetiva de contribuição desse grupo era de cerca de 2,5%, o que mantinha uma distorção histórica no sistema, já que rendas muito elevadas acabavam pagando proporcionalmente menos imposto do que trabalhadores e a classe média. A mudança passa a alcançar quem ainda não contribuía no piso da tributação — aproximadamente 0,13% dos contribuintes, em torno de 141 mil pessoas — e ajuda a equilibrar a balança, sustentando o alívio concedido a mais de 15 milhões de brasileiros.
O resultado esperado é um sistema mais equilibrado, no qual a cobrança se aproxima da capacidade de cada faixa de renda. Um modelo que preserva a importância da contribuição, mas reforça a justiça tributária na vida real, do jeito os brasileiros aguardavam há anos.