O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) impediu, no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), a exportação ilegal de uma colônia com cerca de 400 abelhas nativas sem ferrão, da espécie Melipona quadrifasciata anthidioides, conhecida popularmente como mandaçaia. A ação teve apoio da Alfândega da Receita Federal do Brasil na última sexta-feira (1º).
A colmeia estava escondida em uma remessa expressa com destino a Hong Kong (China), postada por uma brasileira, na capital paulista. Para tentar driblar a fiscalização ambiental e aduaneira, o remetente declarou o conteúdo como sendo brinquedos.
Durante a triagem, equipamentos de raio-X identificaram diferenças no volume e chamaram a equipe de fiscalização do Ibama.
A encomenda foi aberta e os fiscais viram que, além de pelúcias, havia uma caixa de madeira com as abelhas mandaçaias. Elas estavam vivas, saudáveis e em boas condições.
Especialistas da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), campus Araras (SP), e do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (IB-Unesp), campus Rio Claro (SP), contribuíram na identificação da espécie e orientaram quanto ao manejo adequado.
A colônia foi encaminhada para manutenção e cuidados técnicos no laboratório da UFSCar.
Penalidade
A remetente pode responder a processo administrativo no âmbito do Ibama e ser multada em até R$ 200 mil, conforme prevê a legislação ambiental, pela tentativa de exportação de espécimes silvestres sem autorização.
O caso também será encaminhado ao Ministério Público Federal para apuração de possível crime ambiental e adoção das medidas cabíveis na esfera criminal.
Riqueza ameaçada
O Brasil abriga mais de duas mil espécies de abelhas nativas, sendo o país com a maior diversidade de espécies de abelhas sem ferrão do mundo, pertencentes à tribo Meliponini.
Cerca de 260 dessas espécies são conhecidas e desempenham papel essencial na polinização da vegetação nativa e em diversas culturas agrícolas de relevância econômica, como café, soja, tomate, algodão, açaí, girassol, entre outras.
Além da importância ecológica, muitas dessas espécies também são manejadas em sistemas de criação racional para produção de mel, própolis e outros produtos. O tráfico ilegal dessas abelhas compromete os esforços de conservação e representa risco à biodiversidade e à segurança sanitária.