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‘Como Salvar a Amazônia': Livro escrito por Dom Phillips e finalizado por amigos após assassinato é lançado

Jornalista britânico e o indigenista brasileiro Bruno Pereira foram assassinados em junho de 2022, no Vale do Javari, no Amazonas

Livro Dom Phillips

Três anos após o assassinato brutal do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira, o livro que Phillips começou a escrever sobre a Amazônia foi finalmente lançado. Intitulada How to Save the Amazon (Como Salvar a Amazônia), a obra teve sua estreia mundial nesta quinta-feira (5) em um evento realizado em Londres.

Alessandra Sampaio, viúva de Dom, esteve presente no lançamento e não conteve a emoção ao lembrar do marido. “Eu penso nele todos os dias. Ele morreu tentando mostrar ao mundo a importância da Amazônia”, declarou, em entrevista à AFP.

A obra, que Phillips idealizou como um alerta sobre a devastação ambiental e os crimes na região amazônica, estava em fase de pesquisa quando ele foi assassinado, em junho de 2022, durante uma expedição no Vale do Javari, no Amazonas.

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Na ocasião, Bruno Pereira também foi morto. Ex-servidor da Funai e defensor dos direitos indígenas, ele atuava em ações de fiscalização contra atividades ilegais, como pesca predatória e garimpo. A Polícia Federal concluiu que o duplo homicídio foi motivado justamente pelas ações de Pereira contra criminosos da região.

Na mesma semana do lançamento do livro, o Ministério Público Federal denunciou o suposto mandante do crime. Embora o nome não tenha sido oficialmente divulgado, autoridades já apontam como principal suspeito Rubén Dario da Silva Villar, conhecido como “Colômbia”. Ele está preso desde dezembro de 2022 e é investigado por pesca ilegal e tráfico de drogas.

Até o momento, oito pessoas já foram denunciadas por envolvimento direto nos assassinatos ou na ocultação dos corpos.

O livro de Dom Phillips

Antes de sua morte, Phillips havia escrito quatro capítulos. A missão de concluir a obra foi assumida por um grupo de jornalistas e escritores próximos ao jornalista. O projeto foi coordenado por Jonathan Watts, editor de meio ambiente do The Guardian, e contou com contribuições de Tom Phillips, Andrew Fishman, Stuart Grudgings, Jon Lee Anderson e da brasileira Eliane Brum. O epílogo foi escrito por Beto Marubo, líder indígena do Vale do Javari.

“É mais do que uma homenagem ao Dom. É o livro do Dom”, afirmou Watts. “Também é a nossa determinação compartilhada de concluir o trabalho dele, porque o amamos, porque os temas são realmente importantes”.

Alessandra Sampaio, que ainda vive em Salvador (BA), foi a responsável por reunir todo o material que Dom havia deixado em casa, incluindo cadernos detalhados com anotações de viagens. “Naquela última viagem, ele não levou o computador. Mas tinha dois ou três cadernos de cada viagem, com datas, lugares, explicando tudo”, contou.

Ela relata que o processo de leitura do livro foi profundamente emocional. “Demorei três meses para ler. Precisava parar porque me emocionava”, revelou.

Para Alessandra, a obra também representa um tributo a Bruno Pereira. “Não há como separar Dom e Bruno. Eles estão juntos. É uma mensagem para que todos entendam a importância da Amazônia e de seus povos.”

Impacto e crítica internacional

A morte de Phillips e Pereira teve ampla repercussão internacional e aumentou a pressão sobre o então governo Jair Bolsonaro, acusado de enfraquecer políticas ambientais e incentivar invasões de terras indígenas.

How to Save the Amazon foi publicado simultaneamente no Reino Unido, Brasil e Estados Unidos. Lançamentos e eventos de discussão sobre o livro estão programados para diversas cidades ao longo do mês de junho.

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