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Caso Vitória: Maicol diz que polícia o levou para ‘banheiro sujo’ para forçar confissão

Suspeito de matar adolescente na Grande SP ainda alega ter sido ameaçado pelos agentes; defesa quer pedir a anulação da confissão

Maicol confessou que assassinou Vitória e diz que agiu sozinho

O homem apontado como o assassino de Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, encontrada morta em Cajamar, na Grande São Paulo, alega ter sido coagido pela polícia para confessar o crime.

Maicol Antônio Sales dos Santos afirma que foi colocado em um “banheiro sujo” e pressionado a “colaborar” com as investigações. Ele ainda diz ter sido ameaçado de que sua mãe e esposa seriam envolvidas no caso.

A coação teria acontecido depois que os advogados de Maicol deixaram a delegacia. A defesa de Maicol afirmou que pedirá anulação da confissão, já que pode ter sido coagido a falar. Em nota enviada à imprensa, os advogados do suspeito afirmam que a confissão foi “cercada por graves irregularidades”.

“A ausência dos advogados constituídos no ato, a realização da oitiva durante o período de repouso noturno e a coação psicológica sofrida e relatada pelo investigado são elementos que não podem ser ignorados”, diz a nota.

A Itatiaia procurou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) para maiores esclarecimentos da denúncia e aguarda retorno.

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Leia a nota na íntegra:

“A defesa de Maicol Antônio Sales dos Santos questiona, veementemente, a conduta adotada pelo delegado responsável pelo caso, que, sem ordem judicial, agendou a realização de uma perícia psiquiátrica. Tal medida desrespeita expressamente o artigo 149, §1º, do Código de Processo Penal, tornando sua realização ilegal e arbitrária.

Além disso, causa extrema preocupação o momento em que essa perícia foi determinada: apenas um dia após a suposta confissão de Maicol, que, por si só, já está cercada de graves irregularidades.

A ausência dos advogados constituídos no ato, a realização da oitiva durante o período de repouso noturno e a coação psicológica sofrida e relatada pelo investigado são elementos que não podem ser ignorados.

Diante desse cenário, a defesa questiona: qual o verdadeiro interesse da Polícia Civil nessa avaliação psiquiátrica? Haveria uma tentativa de validar uma confissão extraída sob questionáveis circunstâncias? O objetivo seria encerrar as investigações a qualquer custo, mesmo em detrimento das garantias fundamentais do investigado?

Reafirmamos que o devido processo legal deve ser respeitado em sua integralidade. A Constituição Federal e os tratados internacionais de direitos humanos não admitem procedimentos que violem direitos individuais e comprometam a busca pela verdade real.

Seguimos vigilantes e adotaremos todas as medidas cabíveis para garantir que Maicol Antônio Sales dos Santos tenha um julgamento justo, sem vícios processuais ou arbitrariedades”.

Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.