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Acidentes aéreos estão mais frequentes no Brasil e no mundo? Especialista explica

Após acidente fatal com duas vítimas em São Paulo nesta sexta-feira (7), a Itatiaia conversou com um especialista para responder ao questionamento

Nesta sexta-feira (7), duas pessoas morreram após a queda de um avião de pequeno porte na zona oeste de São Paulo

A Itatiaia conversou com um especialista para responder qual é o motivo por trás do aumento no número de acidentes aéreos nos últimos meses. Nesta sexta-feira (7), duas pessoas morreram após a queda de um avião de pequeno porte na zona oeste de São Paulo.

Segundo dados do Cenipa, (Centro de Investigação e Prevenção de Acidente Aeronáuticos), ocorreram 1.580 acidentes nos últimos dez anos, de 2015 a 2025.

O ano com mais acidentes registrados foi 2024, com 175. Também foi ano com mais morte: 152. Apenas no acidente da Voepass, em 9 de agosto, 62 pessoas faleceram.

Em 2025, já foram registrados 21 acidentes, sendo cinco fatais, com oito vítimas no total.

O Cenipa classifica como acidentes aéreos toda ocorrência aeronáutica relacionada à operação de uma aeronave em que uma haja feridos que tiveram contato com qualquer parte da aeronave.

Especialista explica

A reportagem conversou com o professor Dr. Kerley Oliveira, especialista em segurança de voo, coordenador dos cursos de aviação da UNA e gerente de qualidade e segurança na IAS.

O professor explica que é importante aguardar o relatório de investigação do Cenipa para entender quais foram os fatores contribuintes do acidente em São Paulo, nesta sexta-feira (7), em específico. O especialista ressalta que os acidentes nunca acontecem por uma única causa.

“Do ponto de vista estatístico de investigações do Cenipa, em média 80% dos acidentes acontecem tendo como fator principal o fator humano.”
Professor Dr. Kerley Oliveira

Kerley Oliveira explica que o fator humano pode ser entendido como “todas as situações que têm como causa o ser humano, e não a máquina, quando ocorre uma falha do ser-humano”.

Entre as causas da falha humana, o professor destaca as seguintes:

  • Estresse;
  • Depressão;
  • Cansaço;
  • Fadiga;
  • Falta de treinamento;
  • Excesso de autoconfiança.
“Cuidamos muito bem da máquina e estamos cuidando muito mal do ser humano.”
Professor Dr. Kerley Oliveira

“Se a gente pegar a aviação nos últimos cem anos, houve um avanço tecnológico exponencial do ponto de vista do equipamento. As aeronaves estão muito mais confiáveis. No entanto, o ser humano foi deixado de lado do ponto de vista do fator humano. Hoje, o ser humano é demandado de uma forte muito mais forte do que há décadas atrás”, afirma o especialista.

Kerley Oliveira afirma que os componentes aeronáuticos têm um nível de confiabilidade muito elevado e que o que está faltando é um “olhar de mais atenção e carinho para o ser humano”.

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Dados do Cenipa

De acordo com dados do Cenipa, os principais fatores contribuintes em ocorrências aeronáuticas no Brasil nos últimos dez anos são:

  1. Julgamento de pilotagem;
  2. Aplicação de comandos;
  3. Processo decisório;
  4. Atitude;
  5. Planejamento de voo;
  6. Supervisão gerencial;
  7. Manutenção de aeronave.

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Jornalista formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na Itatiaia, escreve para Cidades, Brasil e Mundo. Apaixonado por boas histórias e música brasileira.