O anúncio da
demissão do jornalista Rodrigo Bocardi, apresentador do Bom Dia São Paulo e um dos principais nomes da TV Globo, pegou os espectadores de surpresa na noite de quinta-feira (30). Segundo a emissora, o desligamento teria acontecido após Bocardi “descumprir normas éticas” da empresa.
O comunicado ainda informou que a
decisão foi tomada pelo setor de compliance da TV Globo. Mas qual é exatamente a função dessa área da empresa?
A psicóloga e presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos, Eliane Ramos, explica que o setor de compliance é o responsável por garantir que uma organização opere conforme as regras previstas em lei, além daquelas que foram desenvolvidas internamente.
"É aquele velho ditado: o que não é combinado, não sai caro. Então, o sistema de compliance deve ser compreendido como um guia para que os valores, identidade e cultura da organização siga os padrões éticos da empresa. Ou seja, o compliance vai garantir que essa empresa e seus funcionários estejam em conformidade com as regras, normas e regulamentações, promovendo uma cultura de integridade, ética e confiança”, afirma.
Funcionário pode ser demitido se violar regras
Assim como o jornalista, qualquer funcionário pode ser demitido caso não cumpra as regras estabelecidas pelo compliance. Ramos pontua que, dependendo da infração cometida, a demissão pode ser até de justa causa.
“Alguns fatos que podem ocasionar uma demissão por justa causa são, por exemplo: cometer uma infração grave, violar gravemente o código de ética, não seguir as regras, normas ou violar alguma delas. Normalmente, a empresa tem um comitê de ética que vai avaliar e realizar uma investigação interna para apurar todos os fatos. O funcionário vai ser notificado dessa violação e pode se defender. Mas, a decisão de uma demissão normalmente já vem muito bem fundamentada”, esclarece.
Entre os motivos que poderiam causar uma demissão, estão: corrupção; aceitar subornos; cometer alguma fraude contra empresa, terceiros ou funcionários; não cumprir regras de confidencialidade; discriminar colegas e terceiros; praticar assédio moral ou sexual; e usar de forma indevida os recursos da empresa.
Compliance também protege funcionários
Para que os funcionários saibam quais as regras e o código de ética adotados pela corporação, a especialista afirma que é preciso que a empresa dê treinamentos para todos os empregados e atualize, constantemente, as políticas e normas do compliance.
Segundo Ramos, quando todos os funcionários estão alinhados aos valores da empresa, ela se torna mais confiável e atrai mais investimentos. Por outro lado, os funcionários também se sentem mais protegidos.
“O compliance traz um sentimento de segurança psicológica para os funcionários. Ele promove um ambiente de trabalho onde a ética, o respeito e a confiança são valorizadas. Políticas de compliance garantem, por exemplo, que a empresa cumpra normas de segurança e de saúde, além de proteger o funcionário de retaliações e assédios. Isso aumenta a segurança, a eficiência e a motivação dos colaboradores”, comenta.
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