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2024: o ano que o clima entrou em crise

A questão é clara: estamos diante de uma crise política e de gestão, não apenas climática

2024: o ano que o clima entrou em crise

As mudanças climáticas não são mais uma previsão distante — são uma realidade que já impacta nossas vidas. Eventos extremos, como enchentes, secas prolongadas e ondas de calor, ocorrem com intensidade crescente, tirando vidas, destruindo cidades e revelando uma dura verdade: a fragilidade de nossas políticas públicas para enfrentar desastres naturais.

No Brasil, a repetição de tragédias como as enchentes em São Sebastião (SP) e Petrópolis (RJ) expõe o abandono preventivo e a falta de um planejamento urbano eficaz. Metas como as do Acordo de Paris, essenciais para frear o aumento da temperatura global, encontram resistência de governos e setores econômicos. Enquanto as grandes potências seguem emitindo gases de efeito estufa em níveis alarmantes, os países em desenvolvimento enfrentam os piores impactos.

A questão é clara: estamos diante de uma crise política e de gestão, não apenas climática. A falta de políticas preventivas e de investimento em infraestrutura adequada transforma desastres naturais em tragédias amplificadas pela ineficiência humana. Casas construídas em áreas de risco, sistemas de drenagem precários e a ausência de sistemas de alerta fazem com que vidas sejam perdidas em situações que poderiam ser evitadas.

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O mais alarmante é que a resposta governamental costuma ser reativa, limitada a ações de socorro após o desastre. Pouco se fala sobre o investimento em soluções preventivas, como reflorestamento de encostas, mapeamento de áreas de risco ou criação de infraestrutura resiliente.

Para mudar esse cenário, precisamos de uma combinação de comprometimento político e ação comunitária. É urgente implementar políticas públicas que priorizem a sustentabilidade urbana. Além disso, a sociedade civil tem um papel crucial: pressionar líderes, exigir transparência e cobrar compromissos climáticos reais.

As mudanças climáticas não esperam. A cada dia de inação, pagamos um preço mais alto — em vidas, em perdas econômicas e em um planeta cada vez menos habitável. A crise climática é, acima de tudo, uma crise de escolhas. O futuro será moldado pelas decisões que tomarmos agora.

É tempo de agir.


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Cristiana Nepomuceno é bióloga, advogada, pós-graduada em Gestão Pública, mestre em Direito Ambiental. É autora e organizadora de livros e artigos.