O vírus oropouche pode contaminar o feto durante a gravidez. Isso é o que revelou novo artigo publicado na The New England Journal of Medicine no fim do mês passado.
Em agosto, um caso que ocorreu no Ceará pode comprovar isso: uma gestante, de 40 anos, apresentou sintomas como febre, calafrios, dor muscular e forte dor de cabeça no fim de julho, com 30 semanas de gestação. Ao testar, descobriu estar com oropouche - transmitido pela picada do mosquito Culicoides paraensis, conhecido como mosquito-pólvor.
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Febre Oropouche: conheça mais sobre o mosquito que transmite a doença
Os exames feitos no pré-natal não apontaram qualquer anormalidade com o bebê antes da infecção. No dia 5 de agosto, porém, foi diagnosticada a morte fetal.
Após uma análise de tecidos do feto, o vírus foi detectado em várias amostras, além do cordão umbilical e da placenta.
Após análise de outros abortos e registros de microcefalia nos estados de Pernambuco, Acre e Pará, um artigo publicado no The Lancet alertou para a possibilidade da transmissão vertical — a transmissão de uma doença de uma geração para a próxima, ocorrendo durante a gestação.
Desde que foi identificado pela primeira vez, na década de 1960, o vírus vem causando surtos principalmente na região amazônica. Em 2023, com a ampliação dos diagnósticos em todo o país, foi detectado em outras partes do país, inclusive no Sul.
“Como não se fazia a investigação fora da região amazônica, é uma doença muito subnotificada. Muitos casos que pareciam dengue, mas com resultados negativos nos testes, podiam ser oropouche”, disse a infectologista Emy Akiyama Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein à Agência Einstein.
*com informações da Agência Einstein