Atores e atrizes foram contratados para interpretar médicos em gravações com o objetivo de promover medicamentos, suplementos e outros produtos que não possuem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária. O caso foi revelado pelo portal G1 e já é alvo de denúncias feitas ao Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp).
A reportagem apurou que o ator Sidnei Oliveira foi contratado para interpretar do suposto médico Ricardo Bruno, apresentado como ‘endocrinologista, professor na Universidade de São Paulo e premiado pela Forbes como ‘o especialista de Saúde mais relevante de 2023’. O registro profissional do médico citado nos sites dos produtos e nos vídeos é do ginecologista Ricardo Vasconcellos Bruno, que é do Rio de Janeiro e não tem nenhuma relação com o medicamento em questão.
Sidnei, interpretando o médico Ricardo Bruno, gravou uma entrevista de mais de uma hora para o suporte programa ‘Saúde em Foco’, apresentado pela apresentadora Vanessa Amorim. Porém, Vanessa também é uma personagem interpretada pela atriz Fernanda Padilha.
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Nas gravações, o suposto médico fala sobre uma bactéria que ‘cumula gordura corporal enquanto você dorme’ e, na sequência, apresenta um medicamento chamado Night Slim, que seria eficaz no emagrecimento de pessoas com essa bactéria. Pouco após a divulgação da reportagem do G1, alguns vídeos começaram a ser removidos da internet.
Atores se posicionam
Ao G1, o ator Sidnei Oliveira relatou que foi ‘contratado como ator para interpretar um personagem simples’. Ele também disse que não sabia que sua imagem seria usada na internet como a de um especialista e professor da USP.
Já Fernanda Padilha afirmou que os vídeos que circulam na internet estão sendo desvirtuados: ‘esses vídeos dizem que eu me passo por médica para vender produtos e insinuam que esses produtos são meus. Isso é mentira. Eu tenho contratos com todas as empresas para as quais prestei serviços. Eu não sou médica. Eu sou atriz há mais de 20 anos’.
Posicionamento dos órgãos
Em nota, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) afirmou que o uso de testemunhais falsos é proibido pela legislação e pelas regras éticas do órgão. Além disso, suplementos alimentícios não podem prometer cura ou benefícios diretos à saúde.
Já o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) afirmou que as publicações não trazem nenhuma indicação de que a pessoa que está participando do anúncio é ator ou atriz. Segundo o Cremesp, o Ministério Público e a Polícia Civil foram acionados para apurar o caso.