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Dona de cafeteria, mãe e participante do Caldeirão do Huck: quem era a piloto mineira morta nos EUA

Julaiana Turchetti, de 45 anos, morava em Contagem, na região metropolitana de BH; ela morreu em um combate a incêndio florestal durante manobra para pegar água em represa

Mineira do município de Contagem, começou sua carreira como comissária e em 2007 se tornou instrutora de voo.

Aos 45 anos, a piloto mineira Juliana Turchetti, que morreu na última quarta-feira (10) em uma manobra durante combate a incêndio florestal nos Estados Unidos, era uma amante da aviação. Juliana era natural de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte e tinha 6.500 horas de experiência de voo e era reconhecida por promover atividades de segurança no setor.

Juliana começou sua carreira como comissária e em 2007 se tornou instrutora de voo. Dois anos depois ela já pilotava grandes jatos, como o Boeing 737 e o 727. Ainda durante sua carreira, ficou por quatro anos na aviação comercial e, em 2013, passou a trabalhar na aviação agrícola, com aplicação de defensivos agrícolas em lavouras. Em 2017, Juliana participou da estreia do quadro ‘Quem Quer Ser Um Milionário?’, do Caldeirão do Huck, e ganhou R$ 5 mil.

Segundo a polícia do Condado de Lewis and Clark, em Montana, Juliana trabalhava na empresa Dauntless Air, que combate incêndios nos Estados Unidos. Ela se preparava para pousar em um lago para captar água quando, segundo o xerife Leo Dutton, o avião ‘bateu em algo, despedaçou-se na água e afundou’. As causas do acidente serão investigadas pelo Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA.

Juliana Turchetti em missão para apagar incêndios na floresta no 4 de julho, nos EUA.

A morte de Juliana foi lamentada pelo governador de Montana, Greg Gianforte, e o governador de Idaho, Brad Little, que publicaram uma nota conjunta sobre o caso.

Em um depoimento publicado no YouTube, Juliana contou que queria ser piloto desde 10 ou 11 anos. Já crescida, se tornou amiga de um piloto de avião agrícola e ganhou dele um macacão azul, que guardou “enroladinho” no armário. Quando a empresa em que ela trabalhava na aviação comercial faliu, não teve dúvidas de ingressar na área agrícola, onde os voos são baixos — variam de 2 a 5 metros de altura — e curtos, de cerca de 20 a 30 minutos.

Juliana se casou com um piloto agrícola norte-americano, John Coppick, e mudou em 2018 para os Estados Unidos, onde virou empresária. Amiga da mineira, o piloto José Paulo Rodrigues Garcia, contou sobre como ela era apegada ao filho e sobre suas outras profissões ao longo da vida.

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No último Natal, Juliana publicou uma mensagem de vídeo para os clientes da Aviatori Coffeehouse, na qual afirmou que todos na vida têm um propósito, sendo preciso alcançá-lo.

Juliana se casou com um piloto agrícola norte-americano, John Coppick, e mudou em 2018 para os Estados Unidos.

“Acredito que todos nós temos um propósito nessa vida... Todos nós temos uma luz que nos guia e ela está sempre lá para nos guiar”, afirmou. Em abril, a piloto informou que a cafeteria estava à venda. “Toda vez que entro no cockpit tenho convicção de que estou exatamente onde eu deveria estar e fazendo exatamente o que eu deveria fazer”, dizia.

Ela disse que ser bombeiro aéreo era um objetivo antigo, desde 2009: “Voar e combater incêndios é a combinação ideal de diferentes habilidades, desafios, trabalho em equipe e a emoção de operar em um ambiente que necessita constantemente de disciplina, coordenação, coragem, dedicação e desejo de servir. ...A aviação para mim é a prova mais profunda de quão longe a humanidade pode ir.”

E a piloto encerrou com uma frase de William Shakespeare: “O mundo é sua ostra.”


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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.