A Delegacia de Polícia do Meio Ambiente (DPMA) identificou um zelador que pode ter infectado, sem intenção, um local público com o herbicida glifosato ao aplicar o produto no pátio de um condomínio no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada nesta sexta-feira (14) pela Folha.
A polícia investiga se a substância que causou o envenenamento de 40 cães na Barra da Tijuca, Zona Oeste da capital fluminense, trata-se do herbicida glifosato, usado no combate a ervas daninhas. Pelo menos sete cachorros também morreram com sintomas de intoxicação pelo produto, incluindo o do ator Cauã Reymond. O laudo que irá apontar a causa da intoxicação ficará pronto em 30 dias.
Em nota à Itatiaia, a Polícia Civil informou que a investigação do caso está em andamento na Delegacia de Proteção aos Animais (DPMA). “Os agentes enviaram equipes para o região, onde colheram imagens de câmeras de segurança, que estão sendo analisadas. Tutores de animais e uma veterinária foram ouvidos e diligências seguem para elucidar os fatos”, informou.
O que é glifosato?
O glifosato é o ingrediente ativo de agrotóxicos mais utilizado no Brasil. Em 2018, o país comercializou mais de 195 mil toneladas do produto. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o uso da substância é permitido nas seguintes situações:
- usos agrícolas;
- aplicação em margens de rodovias e ferrovias, áreas sob a rede de transmissão elétrica, pátios industriais, oleodutos e aceiros;
- para jardinagem amadora na forma de produto pronto para o uso e na Concentração máxima permitida de 1% p/v.
Segundo o órgão, além de agrotóxicos, o glifosato compõe a fórmula de produtos utilizados em jardinagem amadora, mas na concentração permitida de 1%.
Substância já foi alvo de discussão entre cientistas
Em 2013, uma nota técnica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) recomendou que a substância fosse classificada como Classe I (extremamente tóxico) e que as vendas para utilização doméstica fossem proibidas. Em 2015, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) publicou uma monografia onde classificava o herbicida como cancerígeno.
No mesmo ano, a Anvisa convocou um painel científico com a participação da IARC para a discussão do caráter cancerígeno do produto. Entre 2016 e 2018, o órgão realizou uma série de análises e submeteu os resultados a uma consulta pública, realizada em fevereiro de 2019.
A partir de todas as análises realizadas, a Anvisa optou por manter o glifosato e produtos agrotóxicos no pais e estabeleceu as novas regras em uma nota técnica publicada em 2020.
“Verificou-se que o Glifosato não apresenta características mutagênicas, teratogênicas, carcinogênicas, não é desregulador endócrino e não é tóxico para a reprodução”, diz trecho da nota.