O Estado do Rio Grande do Sul está enfrentando as consequências de fortes inundações, ocasionadas por intensas chuvas que assolaram a região desde o início da semana passada. A capital, Porto Alegre, e Canoas, a maior cidade satélite da área metropolitana, estão enfrentando a submersão completa de diversos bairros.
Com residentes sendo obrigados a abandonar suas residências e seus pertences, os relatos fornecidos à CNN retratam um cenário de desespero, tristeza e apreensão.
"É como estar em um filme de terror”, compartilhou Cristiane Malinski, moradora de Canoas, que teve que evacuar sua casa. Durante uma entrevista à CNN, ela descreveu a calamidade que tem vivenciado. "É como se estivéssemos em um filme de terror; há muitas pessoas precisando de resgate, e ainda há muitos animais. Por favor, não parem de enviar ajuda”, apelou.
Apesar de estarem seguros no momento, ela lamentou que sua família tenha perdido tudo. “Testemunhamos coisas horríveis; é como um filme de terror, é incrível, é indescritível. Vimos muitos, muitos animais”, relatou, visivelmente emocionada.
Cristiane fez um apelo para que mais pessoas se juntem à rede de solidariedade e assistência humanitária. “Eu peço, de todo coração, que tenham compaixão; há muitas pessoas, com certeza, e muitos animais”, disse ela. Além disso, destacou a importância de coordenar esforços para garantir que a ajuda chegue onde é mais necessária.
Ela elogiou a solidariedade entre os moradores locais, com vizinhos se ajudando mutuamente, mesmo sem se conhecerem. No entanto, ressaltou que ainda é necessária mais ajuda externa para atender a todas as vítimas e animais em perigo.
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Saques e escassez
Os moradores do Rio Grande do Sul continuam enfrentando dificuldades após as intensas chuvas que atingiram o estado na última semana. Em entrevista à CNN, a enfermeira Vânia Gonçalves descreveu o caos em Canoas, cidade da região metropolitana de Porto Alegre. Gonçalves relatou que, embora tenha evacuado a área com seus filhos inicialmente, decidiu retornar para ajudar os moradores e proteger sua casa contra saques.
Segundo a enfermeira, muitas famílias temem deixar suas casas devido aos saques que estão ocorrendo na região. “Voltei para casa porque está um caos; os voluntários estão fazendo um trabalho incansável”, disse.
Gonçalves destacou a escassez de água e alimentos nos abrigos. “Nos abrigos, precisamos de água; não há mais água potável disponível”, afirmou. Além disso, mencionou a necessidade de atendimento médico para voluntários e moradores que tiveram contato com a água contaminada.
A enfermeira fez um apelo por ajuda humanitária. “Precisamos de ajuda; por favor, forneçam mantimentos, água, água, por favor”, suplicou. Ela também ressaltou que não possui mais roupas ou pertences, restando apenas “a roupa do corpo”.
Apesar da situação difícil, Gonçalves demonstrou determinação em ajudar os outros. “Eu tenho vontade, tenho saúde; espero que as pessoas se sensibilizem com o que está acontecendo e venham nos ajudar”, concluiu.
Fuga desesperada
Jefferson de Paula, um empresário morador de Canoas, relatou a situação desesperadora que as pessoas estão enfrentando devido às fortes chuvas na região. Abrigado na casa do filho porque perdeu tudo, Jefferson descreveu a cena como uma “guerra”. “Há medo, insegurança, tristeza. Não sabemos o que o futuro reserva, quando a água vai baixar. Está muito complicado”, disse.
Ele contou que, ao perceber o perigo da inundação, pegou sua esposa e filha e foi para a casa do filho, que fica em uma área elevada da cidade. No entanto, quando voltou para buscar os cachorros, sua casa já estava parcialmente submersa.
“A água subiu muito rápido; quando olhamos para trás, ela já havia avançado uma quadra”, relatou. Jefferson afirmou que sua casa ficou completamente submersa e que acredita que não sobrou nada aproveitável.
De acordo com o empresário, algumas pessoas não acreditaram que a água subiria tanto e permaneceram em suas casas. Quando perceberam que não podiam mais sair, subiram para os telhados, pedindo ajuda com gritos, batendo panelas e usando lanternas. "É uma cena aterrorizante, que parte o coração”, descreveu ele, emocionado.
Ele também mencionou relatos de pessoas se jogando na água para tentar nadar e casos de desaparecidos que circulam nas redes sociais. "É muito difícil ver essa situação”, lamentou Jefferson.
*Com informações de CNN Brasil