Quatro homens foram presos suspeitos de participar de um esquema de desvio de mercadorias da empresa de eletrodomésticos Suggar. A operação da Polícia Militar (PM), deflagrada na noite dessa quinta-feira (27), levou à prisão em flagrante de ex-funcionários e de um funcionário que ainda atuava na empresa. Eles são investigados por estelionato, falsidade ideológica e receptação.
Segundo a Suggar, o esquema usava notas fiscais adulteradas e gerou um prejuízo de aproximadamente R$ 1 milhão.
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A investigação interna começou há cerca de cinco meses, após o diretor financeiro e administrativo da Suggar constatar o sumiço de produtos manufaturados de alto valor, como tanquinhos, depuradores e fogões. As mercadorias eram retiradas da expedição e revendidas de forma ilegal em plataformas digitais, como Mercado Livre, Shopee e Facebook.
Como funcionava o esquema
De acordo com o Boletim de Ocorrência (B.O.), o grupo usava notas fiscais falsificadas ou com datas de emissão adulteradas para liberar as cargas, sempre com apoio de funcionários da empresa. Um ex-funcionário desligado em outubro de 2025, apontado como um dos articuladores do esquema, contou à polícia que o grupo conseguia notas fiscais de compras legais por meio de um terceiro, em São Paulo.
A partir desses documentos, os dados eram alterados. Ele recebia a nota falsificada por WhatsApp, imprimia o arquivo e, com esse papel em mãos, contratava caminhoneiros e ajudantes para burlar o sistema de despacho da Suggar.
Flagrante
O esquema foi desvendado depois que o diretor da empresa recebeu um alerta de uma transportadora que havia sido cotada para levar uma carga de fogões leiloados, situação que se encaixava no modus operandi já investigado.
Durante o carregamento de um caminhão próximo à empresa, no bairro Pilar, no Barreiro, em Belo Horizonte, o diretor observou a movimentação e notou a presença de um funcionário responsável pela expedição. Após perceber que estava sendo observado, os ajudantes que auxiliavam o motorista fugiram do local.
O caminhoneiro, que havia sido contratado por meio de um grupo de WhatsApp para transportar 84 fogões, também achou a transação suspeita e avisou a segurança da empresa. Ele relatou que foi orientado a procurar um funcionário em específico na expedição, pois ele “resolveria o impasse da liberação da carga”.
Confissões e ligações internas
Ainda segundo o registro policial, esse funcionário tentou, inicialmente, obter informações sobre a investigação junto aos representantes legais da empresa. Ao ser questionado pelos militares, contou que havia sido procurado pelo ex-funcionário para auxiliar na saída ilegal da carga de fogões. Ele disse que sabia da irregularidade, mas alegou que estava sendo pressionado por causa de uma dívida relacionada a desvios anteriores dentro da própria empresa.
Para facilitar o crime, teria se afastado do galpão no momento do carregamento.Durante a abordagem, ele recebeu uma mensagem do comparsa perguntando se “tinha dado certo”, o que reforçou as suspeitas. Ele foi detido.
Prisão do receptador em Betim
As informações levantadas pela PM levaram os militares ao endereço apontado como local de descarregamento: a Rua Avis, nº 130, no bairro Jardim das Alterosas, em Betim, na Grande BH. O imóvel funcionava como um depósito de mercadorias.No local, um quarto homem confirmou que receberia a carga de fogões negociada com Vinicius por R$ 37 mil, valor bem abaixo do preço de mercado.
O acordo previa o pagamento de R$ 14 mil na entrega da carga e o restante após a revenda dos produtos. O homem foi autuado por receptação.Ao todo, quatro suspeitos foram presos em flagrante.
A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil e com a empresa e aguarda retorno.