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Barco à deriva no Pará pode ter saído da África com 25 pessoas, que morreram de fome e sede

PF trabalha também para descobrir o que ocorreu com os outros 16 corpos

A Polícia Federal (PF) trabalha com a possibilidade de que 25 pessoas estivessem, originalmente, na embarcação encontrada à deriva na cidade de Bragança, no litoral do Pará no fim de semana.

O início da investigação também aponta que o grupo era formado por imigrantes de países da África, como Mauritânia e Mali, e que parte das pessoas pode ter morrido de fome e sede. No entanto, ainda não possível afirmar a origem da embarcação.

A PF trabalha também para descobrir o que ocorreu com os outros 16 corpos, já que nove estavam no barco encontrado no Brasil. Além dos corpos, os agentes da PF encontraram 25 capas de chuva dentro do barco, sendo 23 verdes e duas amarelas.

O superintendente Regional da Polícia Federal, José Roberto Peres, explicou que o barco pode ter navegado por quase 5 mil quilômetros. Isso porque documentos localizados pela PF apontam que a embarcação estava na Mauritânia, na África, no dia 17 de janeiro deste ano.

“A gente encontrou um registro importante no barco que identifica que este barco estava na Mauritânia no dia 17 de janeiro. Então, com certeza, este fato aconteceu depois desta data. A distância estimada do local onde eles perderam o rumo até o Brasil é de 4.800 km. É um percurso muito longo”, disse Peres.

O barco foi encontrado sem motor ou quaisquer sistemas de propulsão e direção. Especialistas em oceanografia afirmam que embarcação pode ter sido impulsionada por correntes marítimas e ventos do Oceano Atlântico, que a trouxeram da costa africana para o litoral brasileiro.

O trabalho de perícia vai durar pelo menos até o final de semana. As investigações preliminares apontam que as mortes podem estar associadas ao crime de contrabando de imigrantes. Técnicas internacionais de perícia utilizadas pela Polícia Civil em Brumadinho vão ser utilizadas nas investigações da PF em Belém.

“Ainda não temos [causa da morte], esse trabalho começa agora. Corpos estão vindo para Belém e um trabalho minucioso de perícia começa hoje [terça] e deve se estender até o final de semana”, disse o superintendente da PF. “Ali vai ser identificado a causa mortis, que provavelmente foi a falta de alimento e de água”, acrescentou.

*Com informações de Mardélio Couto e Fernanda Rodrigues

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Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.