A
Em entrevista a Itatiaia, Flávio Guimarães da Fonseca, virologista do departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais, pontuou que, sim, existe a possibilidade de surto e que as autoridades precisam ficar atentas aos novos casos da doença. Isso, porque estudos recentes identificaram que o vírus do Oropouche consegue se multiplicar nos vetores mais disseminados do Brasil, como o Aedes aegypti.
Apesar do dado preocupante, Fonseca esclarece que ainda não foi identificado que o Aedes aegypti tenha a capacidade de transmitir o vírus naturalmente. “As pesquisas foram feitas a partir da inoculação do vírus Oropouche no Aedes aegypti e demonstraram que o vírus ainda não atravessa a barreira que o mosquito tem na sua glândula salivar”, afirmou. Esse aspecto demonstra que o Aedes aegypti ainda não é capaz de transmitir a doença ao picar os seres humanos.
Atenção das autoridades de saúde pública
Segundo Fonseca, mosquitos e vírus costumam evoluir de forma rápida, e é esse o motivo que faz com que as autoridades precisem prestar a atenção na dinâmica do Oropouche. “Se houver uma pressão seletiva, esse vírus pode, sim, se adaptar ao vetor Aedes Aegypti e, aí, sim, se transformar em um problema maior do que a gente está vendo hoje”, alerta o especialista.
Mudanças climáticas
Outros aspectos que o especialista apontou como fatores que podem ocasionar em um surto da Febre de Oropouche são as mudanças climáticas e o desmatamento da Amazônia. “Esses fenômenos podem induzir a expansão da população do mosquito-pólvora, que, hoje, é o principal transmissor para outras regiões do Brasil. Como estamos vendo um aumento explosivo desses casos de Febre do Oropouche na região Norte, isso já indica um desequilíbrio ambiental e ecológico”, pontua.
Devo ficar com medo de um surto de Febre do Oropouche?
Apesar das informações preocupantes, Fonseca alerta que não há motivo para pânico. “Apenas precisamos estar atentos aos movimentos do vírus para evitar que, em alguns anos, o Brasil sofra com uma nova arbovirose”.
Aumento de casos na Amazônia
A região norte, principalmente o Amazonas, registrou um aumento na transmissão da doença em 2024. Conforme boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM), nos dois primeiros meses do ano, foram registrados 1674 casos confirmados por exames laboratoriais. Enquanto, em 2023, durante todo o ano, foram registrados 995 ocorrências de Febre do Oropouche.
No documento, o SES-AM também informou que tem feito a testagem de todos os pacientes que possuem os sintomas e que testaram negativo para dengue.
Participe do canal da Itatiaia no Whatsapp e receba as principais notícias do dia direto no seu celular.