A invasão de tilápias no mar brasileiro já foi registrada no litoral do Nordeste, Sudeste e do Sul do Brasil, mostra estudo inédito feito por onze instituições e publicado na revista científica Aquatic Ecology recentemente. A pesquisa foi iniciada após vídeos postados nas redes sociais mostrarem cardumes na região de Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro.
Além dos cardumes, o animal de origem africana começou a aparecer em redes de pescadores, como mostram vídeos postados nas redes socias de 1 ano para cá. “Uma aqui, mais duas ali. Tem outra vindo ali. Tilápia, menino. Depois fala que é mentira. Não é brinquedo, não. Pode trazer minhoca para pescar na praia”, brincou um homem que gravou um vídeo mostrando as tilápias pescadas em uma rede retirada do mar.
Cientistas alertam que a invasão das tilápias é ameaça para os ecossistemas marinhos. Pesquisadores acreditam que as tilápias chegaram ao mar por meio dos rios de água salobra.
“A tilápia é uma invasora que pode transferir patógenos e elevar as taxas de eutrofização - surgimento excessivo de organismos como algas e cianobactérias. Ela também compete com espécies nativas por recursos, por alimentos e espaço. A tilápia é um bicho territorialista. Ela pode predar vários organismos, desde peixinhos até camarões, crustáceos e corais. Em último estágio, ela pode causar até a extinção de algumas espécies”, explicou ao G1 Jean Vitule, coordenador da pesquisa e membro do Laboratório de Ecologia e Conservação da Universidade Federal do Paraná.
A pesquisa aponta a necessidade de um m controle mais rigoroso sobre a criação de peixes no Brasil. “Tilápia não é galinha, não fica confinada de fato. Você não vê galinha em uma unidade de conservação vivendo solta no meio do mato. Mas a tilápia você vê em unidades de conservação, o que é um problema. Não há confinamento adequado na maioria das aquiculturas e há tantos escapes que ela acaba chegando até o mar, deixando um rastro de impactos”, conclui.
