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Idosos no Brasil: quase 85% da população idosa é pobre

Estatuto do Idoso completa 20 anos de existência em 1º de outubro, mas população idosa sofre com desigualdade no país

De 33 milhões de idosos que vivem no Brasil, 28 milhões são pobres

O Estatuto do Idoso, criado na primeira gestão do presidente Lula, em 2003, completa 20 anos de existência neste domingo (1º). Nestas duas décadas, o número de idosos no país cresceu de 15 milhões para 30 milhões, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas a população idosa ainda enfrenta uma série de dificuldades, principalmente em relação à desigualdade de renda.

Conforme dados divulgados no Fantástico pelo presidente do Centro Internacional de Longevidade do Brasil, Alexandre Kalache, quase 85% dos idosos que vivem no Brasil são pobres. Dos 33 milhões de idosos que vivem no país, 28 milhões são pobres, ou seja, vivem com menos de US$ 5,50 por dia, cerca de R$ 800 mensais, segundo cálculo do Banco Mundial que define a linha da pobreza.

“Ainda temos desertos de ausência de direitos [para os idosos]. A falta de acesso à renda, a uma vida digna, à alimentação saudável, prática de atividades físicas. Quando você vai olhar nos lugares mais longínquos do Brasil, infelizmente esse cenário ainda é real”, destacou também ao Fantástico a presidente do Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento, Marília Viana Berzins.

Direito à renda mínima para idosos

Entre os 118 artigos do Estatuto do Idoso, e na Lei Orgânica da Assistência Social, de 1993, há a garantia de uma renda mínima para idosos assegurada pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC). Conforme o Art. 34 do estatuto, a renda mínima de um salário mínimo é garantida a idosos a partir de 65 anos, que comprovem renda de até um quarto de salário mínimo e não possuam meios para promover a própria subsistência, nem de tê-la promovida pela família.

Atualmente, segundo dados disponibilizados pelo Ministério da Previdência Social, 2,4 milhões de idosos recebem o benefício. Em 2021, eram pouco mais de 2 milhões. Profissionais e entidades que atuam com essa população relatam que, apesar da garantia e do alto número de idosos pobres no país, ainda há dificuldade em acessar o benefício.

“Na gestão do governo federal passado, houve um corte muito grande no orçamento destinado ao SUAS [Sistema Único de Assistência Social], de uma forma geral à política de assistência social, o que fez precarizar muito o atendimento nos equipamentos dessa política, ao mesmo tempo em que houve também, o que já é público, um empobrecimento muito grande da população. Ou seja, há uma maior busca pelos serviços e, ao mesmo tempo, uma fragilidade desses equipamentos”, avaliou a diretora do Conselho Federal de Serviço Social, Angelita Rangel.

Além do corte orçamentário, Angelita também relatou que a redução em atendimentos presenciais também dificultou a solicitação de benefícios, dificultando ainda mais o acesso para idosos que não tenham acesso à internet, ou não tenham conhecimentos para acessar serviços online. “Isso faz recorrer a intermediações, que cobram por esse serviço, que antes era ofertado gratuitamente”, destacou.

*Com informações de Agência Brasil

Maria Clara Lacerda é jornalista formada pela PUC Minas e apaixonada por contar histórias. Na Rádio de Minas desde 2021, é repórter de entretenimento, com foco em cultura pop e gastronomia.