Mais de 200 refugiados afegãos acampados no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, esperam por abrigo. Na noite de quarta-feira (21), um novo grupo de cerca de 40 pessoas desembarcou no país e se somou às pessoas que estão há dias no local de maneira improvisada.
A situação é acompanhada pela ONG Coletivo Frente Afegã, que afirma haver 205 imigrantes no aeroporto. Eles tiveram o visto temporário concedido pelo governo federal. Guarulhos atualmente conta com 177 vagas para refugiados em abrigos, porém, todas estão ocupadas.
Uma portaria do governo federal, de setembro de 2021, estabeleceu a concessão de visto para os imigrantes do Afeganistão. Entre janeiro e setembro de 2022, quase 3 mil refugiados chegaram ao Brasil, conforme o Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra). Milhares de afegãos deixam seu país desde que o grupo extremista Talibã reassumiu o controle.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, até o dia 14 de junho deste ano, o governo brasileiro autorizou a concessão de 11.576 vistos de acolhida humanitária em favor de afegãos. Do total, 9.003 vistos foram efetivamente entregues aos requerentes.
O improviso de refugiados com barracas de cobertas no aeroporto parecia resolvido em fevereiro deste ano, quando, pela primeira vez, o número de pessoas havia sido zerado. Mas, em abril, o número de pessoas presentes no aeroporto voltou a aumentar.
Para tentar viabilizar uma solução, a Prefeitura de Guarulhos pediu na semana passada ao governo federal que reconheça o município como fronteira do Brasil. Dessa forma, seria possível ter mais acesso a recursos e auxílio do executivo federal para atender aos refugiados.
Situação crítica
Ouvida pela Agência Brasil na terça-feira (20), uma afegã que está vivendo no aeroporto com seu marido, e que preferiu não se identificar por temer represálias, disse que deixou o seu país por não poder sequer continuar os estudos. Isso porque, lá, mulheres são impedidas de ir para as escolas, trabalhar e mesmo usar maquiagens.
“Estou vivendo aqui há 22 dias e ninguém veio aqui para nos ajudar, nos levar daqui [do aeroporto]. E é tão difícil a situação. Eu mesma estou doente. Aqui não temos nada para dormir. E estamos dormindo aqui com muito barulho. Tomamos banho somente uma vez por semana – e apenas dez pessoas puderam fazer isso. E aqui é tão frio [por causa do ar-condicionado]”, relatou.