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Cinco anos da greve dos caminhoneiros: relembre impactos da maior paralisação da categoria

Em maio de 2018, caminhoneiros bloquearam rodovias e reivindicaram a redução do preço do diesel no país

A greve dos caminhoneiros de 2018 atingiu 24 estados do Brasil

No dia 21 de maio de 2018, há cinco anos, eclodia no Brasil a maior greve de caminhoneiros na história do país. A paralisação, que durou 10 dias, atingiu 24 estados e causou a interrupção de produção em fábricas, falta de combustíveis, cancelamento das aulas e esvaziamento dos supermercados.

A manifestação começou devido ao aumento do preço do óleo diesel, combustível usado pela maior parte dos caminhões no Brasil. Em um ano, o preço subiu mais de 50%. A alta estava associada ao aumento do dólar e do petróleo no mercado internacional.

Os caminhoneiros também reivindicavam a fixação de uma tabela mínima para os valores de frete e, durante as manifestações, discursos de anticorrupção se juntaram às bandeiras defendidas pelo movimento.

Durante os 10 dias, os caminhões foram parados em rodovias, bloqueando parcialmente o tráfego. Além do combustível, que não era entregue para postos, matérias-primas e produtos essenciais, como alimentos, foram desabastecidos.

Cronologia da greve dos caminhoneiros

Já no segundo dia de greve alguns postos de combustíveis já apresentavam filas e grande montadoras decidiram reduzir a produção. No terceiro dia, a Petrobras anunciou a redução de 10% do preço do diesel por 15 dias, além do congelamento dos preços durante este período. A greve, entretanto, foi mantida.

No quarto dia de greve a frota de ônibus foram reduzidas nos municípios de pelo menos 15 estados, mais o Distrito Federal. Aulas em universidades foram canceladas e diversos voos ameaçados por falta de combustível. Os supermercados já apresentavam prateleiras vazias e as fábricas interromperam a produção.

Com a chegada do quinto dia, o presidente do Brasil na época, Michel Temer (MDB) aciona as forças federais para desobstruir as rodovias e fazer a escolta dos caminhões que ainda trabalhavam. No mesmo dia, o Supremo Tribunal Federal (STF) permitiu a remoção de manifestantes que estivessem bloqueando vias ou protestando nos acostamentos, e autorizou a aplicação de multas de até R$ 10 mil para os que fizessem bloqueios e de R$ 100 mil para entidades que organizassem a greve.

No sétimo dia de greve um acordo entre a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) e o Governo Federal é firmada e a associação pediu para que a categoria voltasse ao trabalho, mas a paralisação continuou. No oitavo dia quase 100% dos postos de estados do Sudeste do país e da Bahia já estavam totalmente desabastecidos.

Foi apenas no nono dia que a greve começou a perder força e, junto a isso, consumidores denunciaram postos de combustível que aplicavam preços abusivos. No décimo e último dia de greve, as Forças Armadas e a Polícia Rodoviária Federal conseguiram eliminar praticamente todos os pontos de concentração de caminhoneiros na estrada e, aos poucos, os postos de combustíveis e supermercados foram se reabastecendo.

Prejuízos causados pela greve dos caminhoneiros

A paralisação causou um prejuízo que beirou os R$50 bilhões em 13 segmentos da economia. Apenas o setor de distribuição de combustível deixou de vender cerca de R$11 bilhões e a cadeia produtiva da pecuária de corte perdeu aproximadamente R$10 bilhões. Produtor perderam mais de 70 milhões de aves e 20 milhões de suínos, por falta de ração, indicando um prejuízo de R$3 bilhões.