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Saiba como se preparar para uma cirurgia plástica e evitar complicações

A colunista da Itatiaia e cirurgiã plástica, Luciana Pepino, dá dicas para quem deseja fazer um procedimento estético

Especialista orienta que o paciente siga bem as instruções de pós-operatório

Nesta segunda-feira (25), uma paciente de 38 anos morreu após complicações de uma cirurgia plástica de abdominoplastia, feita no Instituto Mineiro de Obesidade, no bairro de Lourdes, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Este foi o segundo óbito na clínica em pouco mais de um ano, já que em dezembro de 2021, uma paciente de 39 anos morreu após complicações de uma abdominoplastia e lipoaspiração feitas no mesmo instituto.

Além disso, na última sexta-feira (21), cerca de dez mulheres denunciaram um cirurgião plástico de Belo Horizonte por negligência médica, alegando que desenvolveram necroses e infecções após cirurgias estéticas. Segundo elas, o médico não realizou o acompanhamento necessário durante a recuperação.

Por se tratarem de procedimentos muito invasivos, é relativamente comum que cirurgias plásticas desenvolvam complicações e, por isso, uma série de atitudes devem ser tomadas por quem deseja passar por uma intervenção cirúrgica.

A primeira delas, segundo a colunista da Itatiaia e médica cirurgiã Luciana Pepino, é escolher com cuidado o profissional para realizar o procedimento. Ela alerta que o ideal é procurar recomendações de outras pessoas que foram atendidas pelo profissional e sempre conferir nos sites do Conselho Regional de Medicina (CRM) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) se o médico tem registro de especialidade.

“Não ter as redes sociais como única fonte de pesquisa e não selecionar o médico por número de seguidores, já que sabemos que podem facilmente ser comprados. Conhecer alguém que já tenha operado com o profissional, procurar saber como foi o atendimento desde a consulta ao pós operatório, como foi esse acompanhamento, a disponibilidade e cuidados desse profissional e da sua equipe”, recomenda Luciana Pepino.

Preparação para a cirurgia

Depois de ter escolhido o profissional para realizar a cirurgia, é importante que o paciente informe ao cirurgião sobre todo o seu histórico médico. É importante não esquecer de contar todos os medicamentos, hormônios e suplementos usados, já que alguns podem interferir no procedimento e precisam ser suspensos.

“O tabagismo também tem uma grande influência no sistema circulatório e deve ser evitado de todas as formas, inclusive o narguilé. A alimentação também deve ter uma atenção especial. Alimentos de padrão pró inflamatório (embutidos, açúcar, álcool, trigo...) devem ser evitados para uma recuperação com menor edema e cicatrização mais tranquila”, explica a médica especialista em cirurgia plástica.

Além disso, o paciente deve ficar atento ao peso e à saúde antes da cirurgia. Segundo a médica Luciana Pepino, pacientes que estejam acima do peso ideal podem ter mais riscos de complicações, como seromas (acúmulo excessivo de líquido próximo à cicatriz cirúrgica), infecções, desistências (abertura de pontos) e embolia.

“Durante a consulta realizamos uma bioimpedância, que mostrará os níveis ideais de gordura e massa magra para cada paciente. Caso o paciente esteja fora dos padrões sugerimos o acompanhamento da nossa equipe de nutrologia e nutricionistas que preparam o paciente para operar em boas condições e menos risco”.

Luciana alerta, entretanto, que a realização de exames pré-operatórios pode reduzir o risco de complicações, mas não anulá-las completamente.

Cuidado no pós-operatório

Depois da cirurgia, é essencial que o paciente siga as orientações do médico, sendo um momento de muita atenção e repouso. Caso a pessoa perceba alterações no corpo e tenha sintomas não informados previamente pelo médico, é preciso informar ao profissional o mais rápido possível.

“O pós operatório deve ser um período de muita atenção e repouso de acordo com cada procedimento. A não atenção a estes cuidados implica no risco de complicações sérias. As drenagens linfáticas são recomendadas em alguns casos para redução do edema e controle dos processos cicatriciais. Toda cirurgia passa por fases de cicatrização e acomodação, isso não pode ser confundido com problemas”, a médica Luciana Pepino explica.

Segundo a cirurgiã plástica, é preciso ficar atento à alteração da coloração da pele, que pode indicar uma necrose. Caso a pele se torne arroxeada, de forma diferente dos hematomas, pode significar também uma congestão. A diferença entre as duas lesões deve ser identificada pelo médico cirurgião, que precisa ser comunicado nestes casos.

“Em casos de uma má evolução da vascularização existem vários tratamentos recomendados que vão de medicamentos tópicos, orais e câmara hiperbárica. A intervenção precoce e correta é determinante para a melhor evolução do caso. Alguns sinais merecem mais atenção como falta de ar, cansaço extremo, febre alta, dor intensa, vermelhidão local. O cirurgião deve ser notificado o quanto antes para instituir a melhor conduta”, conclui.