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Doações de órgãos cai e Brasil faz apenas metade dos transplantes necessários em 2022

A expectativa dos especialistas era de que o número de transplantes realizados subisse após a pandemia, mas relatório mostrou o contrário

Falta de aprovação familiar é um dos principais motivos para a queda de doação de órgãos

Um relatório divulgado nesta segunda-feira (6) mostrou que o Brasil fez apenas metade dos transplantes de órgão necessários em 2022.Segundo o Relatório Brasileiro de Transplantes da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), o país necessitava de cerca de 40 mil transplantes de córnea, fígado, coração, pulmão e rim, mas só 21,8 mil procedimentos foram feitos.

A expectativa dos especialistas era de que, com o controle da pandemia da Covid-19, a quantidade de doadores e procedimentos retornasse ao patamares anteriores. Como isso não aconteceu, o estudo pretende descobrir se outros fatores prejudicam a retomada dos transplantes.

De acordo com a ABTO, a doação de órgãos está 20% menor hoje do que era em 2019, e um dos principais motivos é o aumento de não autorização familiar e à contraindicação médica.

“A taxa de negativa familiar foi 18% superior à taxa de 2019 e a mais alta dos últimos dez anos. A taxa de contraindicação médica, que era de 15% em 2019, chegou a 23% no auge da pandemia em 2021 e terminou o ano com 17%, 13% acima da obtida em 2019”, afirmou Valter Duro Garcia, um dos fundadores da associação, em editorial publicado com o relatório.

Espera por doações

O relatório também mostra que houve aumento no número de pessoas que aguardam pelo transplante em comparação a 2019. Os números apontam ainda que neste período menos pessoas ingressaram na lista de espera por transplantes, mas ainda assim o número cresceu, o que se explica pela queda de doações.

O transplante de córnea foi a o mais atingido durante a pandemia, sendo 71,3 transplantes por milhão de população em 2019 e 65,5 atualmente. A meta estipulada é de 90.