Indígenas isolados do povo Moxihatëtëa estão vivendo a menos de 15 km de uma área de garimpo em Roraima. A etnia não tem contato com a sociedade, mas são monitrados pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) desde 2010.
Integrantes do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), da Funai, do Ibama, da Força Nacional e da Polícia Federal fizeram um sobrevoo pelo local nesta sexta-feira (10) e comprovaram o avanço do garimpo ilegal em uma terra preservada e ocupada por indígenas isolados.
“As imagens registradas pelo sobrevoo comprovam que os indígenas vivem no local e não estariam longe dali, dada a conservação das malocas que os abrigam e dos alimentos plantados no entorno”, informou o MPI em um comunicado.
O sobrevoo faz parte da Operação Libertação, que teve início nesta sexta-feira (10), para erradicar o garimpo ilegal do território Yanomami.
As operações deram inicio após denúncias de uma “epidemia” de desnutrição, principalmente entre crianças e idosos que vivem da Terra Indígena Yanomami. Nos últimos quatro anos, 570 indígenas morreram de causas evitáveis dentro da área protegida - que vem sendo alvo de ações de garimpeiros. No ano passado, 99 crianças morreram pelos mesmos motivos.
Moxihatëtëa e o risco de extinção
Os Moxihatëtëa são um subgrupo dentro da etnia Yanomami, e vivem na terra indígena demarcada, que fica na porção norte de Roraima. De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em 2018, dois indígenas teria sido mortos por garimpeiros na região da Serra da Estrutura. Uma denúncia sobre o caso foi encaminhada pela Hutukara Associação Yanomami (HAY) ao Ministério Pùblico Federal (MPF) em julho daquele ano, o que levou o Cimi a se manifestar sobre o risco de extermínio dos povos indígenas isolados na Amazônia.
“Estes povos, dentro ou fora das terras indígenas, estão completamente expostos à invasão de garimpeiros, madeireiros, narcotraficantes, caçadores e pescadores, que encontram enormes facilidades de entrar nos territórios indígenas, e são ameaçados pelo avanço do desmatamento e de monocultivos, pela poluição dos rios com mercúrio e agrotóxicos, por queimadas florestais e pelos impactos de projetos de infraestrutura”, informou o CIMI, na ocasião