A cotação do euro atingiu um dólar, nesta terça-feira (12), nível que nunca havia sido registrado desde a introdução da moeda única europeia há 20 anos. Um dos motivos apontados pelos economistas é o risco de um corte de abastecimento de gás russo para o continente.
“O que significa é que o dólar ficou mais caro e o euro se desvalorizou. Até então, o euro sempre tinha sido mais caro que o dólar, em reais. Agora, não. E a razão é uma grande fuga de recursos externos da Europa para Estados Unidos”, explica à Itatiaia o economista e professor Paulo César Feitosa.
E o Brasil com isso?
A desvalorização do euro frente ao dólar deve afetar diretamente a vida dos brasileiros, contribuindo para um aumento da fome e da miséria no País.
“Nós já estávamos vendo a cotação do dólar aumentar. Isso deve continuar em face da inflação crescente, crise fiscal, situação política delicada. Tudo isso contribui para juros altos e medidas econômicas malucas, e afeta o consumo. Somado à elevação da inadimplência, temos possível aumento da miséria, da fome e de problemas de segurança.”
A valorização do dólar vai puxar o aumento de outros produtos, como os combustíveis. “O dólar deve ficar sim, mais caro. E, caso isso aconteça, será difícil segurar o preço dos combustíveis, de fertilizantes, etc. Voltamos à ciranda preço do dólar alto, importações mais caras, custo do petróleo maior, aumento de combustíveis, inflação mais alta, juros mais altos e desemprego”, explica o professor.
As exportações brasileiras, determinadas pelo preço do dólar, devem ser prejudicadas.
“A maior parte do nosso comércio é feita em moeda americana, então provavelmente o comércio exterior não será afetado pela paridade com o euro. Mas a recessão que se espera na Europa pode afetar, pois eles não terão condições de manter o volume de compras de nossos produtos. Ou seja: nossas exportações para a Europa podem cair”. Outro setor que poderá ser afetado no Brasil é o turismo, aponta o economista.
Crise na Europa
Os investidores privilegiam a moeda americana, considerada um refúgio, que valorizou 14% desde o início do ano e chegou a ser negociada a um dólar por euro nesta terça-feira (12). Essa mudança inédita no mercado europeu pode provocar uma recessão mundial, conforme explica Paulo César Feitosa.
Os operadores do mercado temem uma grande crise energética no Velho Continente devido à interrupção do fluxo de gás russo, após a invasão da Ucrânia, que chega pelo gasoduto Nord Stream 1, atualmente em manutenção. A tensão alimenta os temores de uma recessão na Europa. Um cenário de recessão dificultaria o trabalho do Banco Central Europeu (BCE) caso a instituição deseje acabar com sua política monetária expansionista e passar para uma fase de contração para combater a inflação.
Ao mesmo tempo, o Federal Reserve Fed, banco central americano, tem maior margem de manobra para continuar elevando as taxas, já que os números de emprego divulgados na semana passada provaram que a economia dos Estados Unidos apresenta maior resiliência no momento.
*Com informações da AFP.