Olerícolas de consumo e de sementes têm potencial produtivo no Rio Grande do Sul

Chuvas devem antecipar colheita em áreas do Sul do estado; manejo de doenças segue desafiador

Lavoura de cebola para produção de sementes em assentamento de Hulha Negra

As lavouras de cebola estão em fase de maturação, com bom potencial produtivo no Rio Grande do Sul. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado pela Emater/RS-Ascar na última terça-feira (23), os agricultores que cultivam sementes da cultura se preparam para o início da colheita em Candiota e em Hulha Negra, na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé.

Diante da previsão de elevados volumes de chuva para esta semana de Natal, alguns produtores deverão antecipar a colheita das plantas que estão com sementes em estágio mais avançado de maturação, a fim de reduzir riscos, considerando o elevado valor agregado do produto, que é comercializado por cerca de R$ 120,00/kg.

O manejo de doenças tem sido o principal desafio da safra devido ao elevado volume de precipitações registrado nos meses de agosto e setembro, o que favoreceu a ocorrência de míldio. Foi necessária a intensificação das pulverizações com fungicidas para conter a evolução da doença e preservar o potencial produtivo.

Em Nova Roma do Sul, na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, a colheita da cebola foi intensificada nos últimos dias e chega à fase final. Nesta safra, observou-se atraso no encerramento do ciclo da cultura devido ao atraso no transplante das mudas e à ocorrência de temperaturas mais baixas durante o período de desenvolvimento. O produto colhido apresenta boa qualidade.

Cultivo em outras regiões

Na região de Soledade, a oferta de hortigranjeiros está estável. Os agricultores que utilizam telas de sombreamento para proteção contra a radiação solar excessiva nas hortas têm obtido melhores resultados neste período do ano. Há dificuldades na produção de algumas espécies de clima ameno, especialmente as folhosas e as brássicas, que enfrentam restrições produtivas neste período de altas temperaturas, que impactam negativamente o desenvolvimento das culturas. Os manejos fitossanitário e de irrigação adequados têm contribuído para manter a qualidade dos produtos.

Na região de Passo Fundo, há boa disponibilidade de umidade no solo, o que favorece os cultivos de olerícolas, especialmente brássicas, como brócolis, couve e repolho. As condições climáticas têm apoiado a realização de transplantes na cultura do tomate. O preço registrado para o produto está em torno de R$ 10,00/kg. As lavouras de batata-inglesa safrinha apresentam ótimo desenvolvimento de tubérculos; o início da colheita está previsto para as próximas semanas.

Na região de Santa Rosa, estão sendo colhidas folhosas com maior tolerância às condições climáticas adversas típicas do período de verão, como couve, almeirão e temperos. Na cultura do tomate, os produtores encerraram os transplantios de mudas para áreas de cultivo a campo. Em ambiente protegido, as plantas apresentam bom desempenho produtivo. As áreas cultivadas com abóbora e moranga encontram-se em fase de formação de frutos. Em Cândido Godói, os agricultores relatam perdas na qualidade de algumas olerícolas devido ao forte calor no período.

Outras culturas

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, a colheita do alho segue com expectativa de conclusão nos próximos dias. O produto colhido está armazenado em galpões para o processo de cura, que ocorre normalmente, apesar das precipitações registradas durante o período.

Já para a cultura do feijão-de-vagem na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Lajeado, em Vale Real, as temperaturas elevadas dos últimos dias prejudicaram o florescimento e a fecundação das flores, ocasionando perdas de produtividade estimadas em aproximadamente 10%. Em Feliz, o produto está em plena colheita.

Ainda na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Lajeado, em Vale Real, a cultura da rúcula é conduzida em ambiente protegido, apresentando desenvolvimento e qualidade fitossanitária apropriados. A comercialização está satisfatória. Em Feliz, as plantas colhidas têm coloração verde intensa e boa aceitação no mercado.

Em Vale Real, a cultura do tomate é conduzida tanto em ambiente protegido quanto no campo. Nas áreas a campo, as lavouras apresentam bom desenvolvimento. Em ambiente protegido, observa-se ocorrência de mosca-branca, que tem ocasionado prejuízos pontuais em algumas propriedades. De modo geral, a cultura se encontra em fase de frutificação e colheita.

Culturas de inverno e verão

A colheita do trigo está concluída no estado. A produtividade média final estimada pela Emater/RS-Ascar é de 3.012 kg/h. Apesar da safra satisfatória, a cotação atual do trigo gera grande insatisfação entre os produtores. No período, houve movimentação no mercado em função da publicação de edital da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) voltado à compra do produto para formar estoques públicos. A medida favorece, de forma pontual, a atuação de pequenas cooperativas e cerealistas e amplia alternativas de comercialização da produção em um ambiente de preços deprimidos.

A semeadura da soja avançou de forma consistente e está próxima da conclusão na maior parte do estado, favorecida pela reposição da umidade do solo ao longo de dezembro. A área semeada alcançou 92%, e restam principalmente plantios em sucessão após a colheita de outras culturas. Para a Safra 2025/2026, a Emater/RS-Ascar indica o cultivo de 6.742.236 hectares com soja e produtividade média de 3.180 kg/ha.

A cultura do milho apresenta elevada variabilidade de desenvolvimento e desempenho produtivo no Estado, como reflexo da distribuição irregular das chuvas e da ocorrência de ondas de calor a partir da segunda quinzena de novembro. As condições ambientais no início do ciclo favoreceram o crescimento vegetativo em grande parte das lavouras. Contudo, a restrição hídrica impactou negativamente as áreas de sequeiro, especialmente aquelas em fases sensíveis do ciclo, como pendoamento, floração e enchimento de grãos. A Emater/RS-Ascar estima o cultivo de 785.030 hectares de milho e produtividade de 7.370 kg/ha.

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*Giulia Di Napoli colabora com reportagens para o portal da Itatiaia. Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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