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Algodão Brasileiro Responsável: prazo para adesão ao programa termina em junho

Unidades produtoras tem até dia 30 de junho para se inscreverem ao programa de certificação socioambiental do algodão

O programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), idealizado em 2012 pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), em parceria com as associações estaduais, está com inscrições abertas até o dia 30 de junho. O ABR é o padrão de certificação socioambiental da cotonicultura brasileira reconhecido internamente que impulsiona práticas responsáveis no campo, conectando produção, sustentabilidade e inovação. Produtores que quiserem se inscrever devem procurar uma das 10 associações estaduais e atualizar os dados cadastrais para receber o convite de adesão.

Ao escolher participar do ABR, o produtor pode optar pelo licenciamento com a Better Cotton, organização sem fins lucrativos com sede em Genebra, que atua globalmente para promover a produção mais sustentável de algodão, da qual o Brasil é o maior fornecedor mundial. Além disso, o ABR é uma das 15 certificações selecionadas pela Textile Exchange como preferenciais no mercado global.

De acordo com Fábio Carneiro, Gerente de Sustentabilidade da Abrapa, as adesões ao programa ABR continuam crescendo no Brasil. “Em 2024, tivemos 451 unidades produtivas que aderiam e foram aprovadas nas auditorias, 77 novas fazendas em comparação com 2023. Esse ano, seguimos com a expectativa que mais fazendas e produtores participem do programa”, pontuou Fábio.

Certificação depende do diagnóstico

A adesão ao programa é o primeiro passo da certificação ABR, processo que é seguido por um diagnóstico realizado pelas associações estaduais, que abrange 183 itens a serem verificados pelo agricultor antes da auditoria, realizada por uma certificadora independente. Em 2025, as auditorias serão realizadas até o final de julho.

Para Marcio Portacarrero, Diretor Executivo da Abrapa, a fase do diagnóstico é definidora dentro do processo de certificação por seguir um checklist rigoroso, “Todo o direcionamento que o produtor recebe na fase do diagnóstico deve ser muito bem aproveitado, pois ele indicará tudo que deve ser alterado ou melhorado para garantir uma certificação de sucesso”.

Marcio também esclarece que, apesar do protocolo ser alinhado com as leis brasileiras e internacionais, como a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a adesão ao programa é voluntária.

Compromisso com a sustentabilidade

Para as associações estaduais, a implementação da ABR é vista como um passo fundamental para fortalecer ainda mais o compromisso nacional com a sustentabilidade do algodão. Os maiores desafios são relacionados principalmente ao nível de exigência e detalhamento para que as unidades produtoras tenham a certificação.

Segundo Abner Barreto, Coordenador de Sustentabilidade da Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa) e responsável pela gestão do programa no estado, “Participar do processo de certificação ABR no estado de Goiás tem sido uma experiência transformadora. Sem dúvidas, é desafiador adequar as propriedades às exigências, principalmente pela abrangência dos critérios e pelo nível de detalhamento exigido. No entanto, ao longo do processo, pudemos perceber o quanto essas práticas contribuem para uma gestão mais eficiente, consciente e alinhada às boas práticas agrícolas”.

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Para Barreto, a parte mais gratificante do processo foi ver, na prática, os resultados das adequações, “a certificação resultou em propriedades mais organizadas, equipes mais engajadas e uma clara evolução no cuidado com o meio ambiente, com as pessoas e com a produção”.

Atenção ao mercado consumidor

O Coordenador de Sustentabilidade da Associação de Produtores de Algodão do Mato Grosso do Sul (Ampasul), Cícero Miguel de Oliveira, afirmou que a evolução do processo vai ao encontro dos mercados e consumidores mais exigentes.

“A certificação ABR está de olho no que acontece no Brasil e no mundo, mudanças climáticas, questões ambientais, e tratativas humanas para adaptar a realidade da nossa produção ao meio que vivemos”, explica.

*Giulia Di Napoli colabora com reportagens para o portal da Itatiaia. Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.