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Safra de inverno avança no RS com melhora no clima e destaque para a canola

Boletim da Emater mostra bom desenvolvimento das lavouras, após precipitações e sol

Avanço das áreas em fase de floração estimula a atividade da apicultura migratória

As chuvas recentes no Rio Grande do Sul, seguidas por dias ensolarados, beneficiaram o desenvolvimento da cultura da canola ao restabelecer os níveis de umidade do solo. Segundo o Informativo Conjuntural, divulgado pela Emater/RS-Ascar nesta quinta-feira (31), as condições atuais das lavouras exigem maior atenção por parte dos produtores quanto ao monitoramento e controle preventivo de patógenos. O boletim também aborda outras culturas de grãos, culturas frutíferas e pecuária.

As lavouras de canola encontram-se em floração (22%), em formação das síliquas (4%) e na fase vegetativa (74%). O avanço das áreas em fase de floração estimula a atividade da apicultura migratória, e apiários têm sido deslocados para as proximidades, visando o aproveitamento das floradas para a produção de mel. As abelhas contribuem para a polinização cruzada das plantas, facilitando a fixação das flores e elevando o número de síliquas por planta e a produtividade final.

A Emater projeta o cultivo de 203.206 hectares com canola, e produtividade de 1.737 kg/ha para a safra de inverno. Na região administrativa da Emater de Ijuí, estima-se que 75% das áreas estejam em fase vegetativa; 18% em floração; e 7% em formação e enchimento de síliquas. Embora o manejo inicial das plantas daninhas tenha sofrido atraso em algumas áreas, a posterior aplicação de herbicidas foi eficaz, sem prejuízos ao desenvolvimento da cultura.

Na região de Santa Rosa, 53% dos cultivos de canola estão em fase de desenvolvimento vegetativo, 38% em floração e 9% em enchimento de grãos. Na região de Soledade, o estado geral da cultura é satisfatório. Em diversas áreas, vêm sendo aplicados bioinsumos, como Trichoderma spp. e Bacillus subtilis para controle de patógenos, além de Beauveria bassiana no manejo de traça-das-crucíferas, entre outros agentes biológicos.

Outros grãos

A semeadura do trigo está tecnicamente encerrada. Restam apenas áreas pontuais, sem impacto significativo no andamento da safra. A área cultivada com trigo no Estado nesta safra está projetada pela Emater em 1.198.276 hectares. A estimativa de produtividade está em 2.997 kg/ha.

As precipitações contribuíram para a aveia-branca ao recompor os níveis de umidade no perfil e nas camadas mais profundas do solo. A ampla janela de semeadura, que estendeu-se da segunda quinzena de abril até o início de julho, resultou em lavouras em diferentes estágios de desenvolvimento e hoje 78% da área estão em fase vegetativa, 16% em florescimento e 6% das lavouras estão em enchimento de grãos. A Emater projeta o plantio de 401.273 hectares, e produtividade de 2.254 kg/ha.

Já a cevada também se beneficiou das precipitações recentes, contribuindo para a uniformização do desenvolvimento das lavouras de cevada, para a transição entre a fase vegetativa e a reprodutiva, e para o perfilhamento e a emissão de colmos, mantendo o potencial produtivo.

Frutíferas

Na região administrativa da Emater de Caxias do Sul, a maturação dos frutos acelerou, em razão da insolação e das temperaturas moderadas, aumentando levemente a produção em relação ao período anterior. A sanidade geral das lavouras está adequada. Apesar do cenário ter melhorado nos últimos dias, a quantidade colhida pelos produtores ainda está insuficiente para atender de forma plena os mercados habituais.

Na última semana, houve um considerável pico nas vendas e no preço do morango, especialmente de maior calibre, devido à popularidade do doce chamado “morango do amor”. O preço do quilo chegou a R$ 50 e segue em patamares elevados, em virtude da baixa produção e da elevada demanda local. Assim, os agricultores estão adquirindo frutos de outros estados, o que eleva ainda mais os valores de venda: in natura direto aos consumidores, o quilo varia entre R$ 30,00 e R$ 40,00/kg; e congelado, de R$ 15 a R$ 20/kg. Já na Ceasa, os preços recebidos pelos agricultores ficaram entre R$ 25 e R$ 30/kg.

Na região de Pelotas, a cultura do morango vem sendo prejudicada por baixas temperaturas, pouca insolação e alta umidade relativa do ar, o que limita o desenvolvimento, a floração e o tamanho dos frutos, além de favorecer doenças. A produção e os frutos estão menores, o que mantém os preços elevados: a R$ 30/kg em Turuçu e Morro Redondo; entre R$ 30 e R$ 40 em Rio Grande; e entre R$ 35 e R$ 45 em Pelotas e Capão do Leão. Já na região de Soledade, a restrição de radiação solar, principalmente na Região do Baixo Vale do Rio Pardo, tem atrasado a formação e a maturação de frutos, bem como afetado o sabor. A oferta e a demanda do produto estão em equilíbrio. O preço varia de R$ 20 a 25/kg.

Pecuária

Houve grande variação na condição corporal dos rebanhos da pecuária de corte. Nos animais mantidos somente em campos nativos, ocorreu redução de peso. Já os animais criados em pastagens cultivadas, restevas ou sistemas de ILP tiveram melhor desempenho. O uso de sal proteinado e de pastagens diferidas contribuiu para manter o escore corporal em algumas propriedades. Foram realizados diagnósticos de gestação, com descarte de vacas vazias. O período de parições resultou em terneiros com bom peso ao nascer. A sanidade segue, em geral, adequada, com prioridade de alimentação para reprodutores e matrizes gestantes.

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Já a produção de leite apresentou estabilidade na maior parte das regiões. Em algumas áreas beneficiadas pela oferta de forragens de qualidade e pelas melhores condições climáticas, houve incremento. Nas criações a pasto, foi oferecida suplementação com concentrados energéticos, como silagem e feno. O estado corporal e sanitário dos rebanhos está satisfatório. As condições climáticas favoreceram o conforto térmico e o bem-estar dos animais, reduzindo problemas de casco e facilitando a ordenha.

*Giulia Di Napoli colabora com reportagens para o portal da Itatiaia. Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.