Entre março e abril, o produtor começa a preparar o pasto que será ofertado ao gado durante os meses mais frios, período crucial para a pecuária leiteira. No inverno, a produção e a demanda aumentam. Assim, a paisagem das propriedades vai se modificando e aveia, trigo forrageiro, centeio e azevém - planta daninha - começam a crescer sobressemeados por entre as pastagens perenes de verão, como o Tifton 85 e o Capim-Pioneiro.
Segundo Jonas Marcelo Ramon, extensionista rural da Epagri em São Miguel do Oeste, estas pastagens podem ser classificadas como rações verdes, porque possuem mais de 20% de proteína bruta e fornecem aproximadamente 70% de energia para os animais. Por seu alto valor nutritivo, estas forrageiras são importantes aliadas dos criadores de gado de leite ou de corte. Por isso, é fundamental que o manejo seja realizado corretamente para que os animais não fiquem sem pasto durante o inverno.
Além da sobressemeadura, técnica que permite aumentar em até 30% a produção de pastagens, outros cuidados podem ser adotados. Jonas orienta os produtores a monitorar o controle de entrada e saída dos pastos, garantindo que as alturas variem entre 25 a 30 centímetros na entrada e 10 a 12 centímetros na saída.
As pastagens também não devem ser implementadas de uma só vez: “Por exemplo, o produtor que vai plantar seis hectares de pastagens de inverno precisa fazer isso em pelo menos três épocas. Planta no final de março dois hectares, dali a 15, 20 dias, planta mais dois hectares e depois de 30, 40 dias, mais dois hectares, como uma espécie de escadinha na oferta forrageira, se não, passa do ponto tudo junto e acaba perdendo. O segredo é fazer cinco, seis, sete cortes nas pastagens de inverno e fazer a implantação mais cedo”, explica o extensionista.
Sementes e qualidade do solo
Jonas Epagri salienta que os produtores devem adquirir sementes fiscalizadas e certificadas, que passaram por testes de pureza e germinação. Outro aspecto a ser observado é a qualidade do solo, que deve repor nutrientes para a boa produção de pasto. Ele avalia que “quanto maior a produtividade, mais nutrientes são necessários. A forma mais viável, rentável e sustentável de realizar esta reposição é fazer com que os animais permaneçam o maior tempo possível nas pastagens, por meio de um sistema de piqueteamento. Com isso, os animais permaneçam pelo menos 20 horas nos piquetes e depositem urina e esterco, repondo parte dos nutrientes”.
No que se refere à alimentação dos animais, é fundamental que ela seja ajustada para o inverno, incorporando concentrados energéticos para suprir suas necessidades nutricionais durante esta estação. Jonas Ramon conta que costuma indicar uma mistura que inclui 80 quilos de
A Epagri preconiza a criação bovina à base de pasto, visando melhorar a qualidade do leite e baixar os custos de produção. Nos casos em que a oferta de forrageiras não é suficiente, é indicado o uso de silagem de grama ou milho para complemento da alimentação.
Planejamento é a chave
Jonas enfatiza que “o inverno é um momento de ganhar dinheiro”. Isso porque o pico de produção leiteira acontece nos meses de maio e junho, sobretudo devido ao bem-estar animal promovido pelas temperaturas mais baixas, que não ocasionam estresse calórico nas vacas leiteiras de raças como Jersey e Holandesa, que sofrem com esta condição em temperaturas acima dos 21ºC.
O extensionista explica ainda que “o inverno facilita muito a reprodução, por isso, temos recomendado e trabalhado com propriedades que concentram os partos e as inseminações para os meses de julho e agosto”.
Por esta razão, este é um bom momento para o produtor planejar a gestão e realizar o controle de custos para aproveitar o incremento na produção e a forte demanda do mercado.
 
                 
 
 
 
