Uma recente pesquisa da Embrapa, em colaboração com cientistas internacionais, revelou 60 novas espécies de psilídeos em diferentes biomas do Brasil. O estudo, publicado na revista Zootaxa, amplia significativamente o conhecimento sobre essa família de insetos e reforça a importância de medidas de conservação. Com as novas espécies, o país passa a ser um dos principais centros de diversidade do grupo na América do Sul.
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Após uso de sequenciamento de DNA (barcoding), a equipe identificou uma nova espécie de Klyveria e 59 novas espécies de Melanastera, demonstrando que a biodiversidade desses insetos é muito maior do que se imaginava.
Biodiversidade
A descoberta dessas novas espécies evidencia o potencial inexplorado da biodiversidade brasileira. De acordo com Dalva Queiroz, pesquisadora da Embrapa Florestas (PR), coautora do estudo e coordenadora do projeto, “Cada nova espécie descoberta é uma peça fundamental para entendermos os ecossistemas e protegermos nosso patrimônio natural”.
A pesquisa também chama atenção para a ameaça crescente aos biomas brasileiros. “Ambientes em risco podem abrigar um número ainda maior de espécies desconhecidas. Mapear e descrever essa diversidade é fundamental para que possamos entendê-la e conservá-la”, defende a pesquisadora.
A catalogação e o monitoramento de novas espécies são passos fundamentais para a elaboração de estratégias de proteção ambiental. “Ao expandirmos nossa compreensão sobre a biodiversidade, também fortalecemos os argumentos para sua preservação”, conclui Queiroz.
Impacto no Agro
A importância dos psilídeos vai além da biodiversidade. Alguns deles são pragas agrícolas, podendo impactar lavouras comerciais. “O conhecimento sobre esses insetos é essencial para o manejo agrícola e a proteção de cultivos”, explica Queiroz.
O estudo também sugere que certas espécies podem ser utilizadas no combate a plantas invasoras, contribuindo para a segurança alimentar e a saúde dos ecossistemas. “Os psilídeos são pouco conhecidos do grande público, mas desempenham papéis importantes no equilíbrio ecológico, pois interagem com inúmeras plantas e podem, em alguns casos, atuar como pragas agrícolas ou vetores de patógenos”, conta a cientista.
Os cientistas estimam o número de espécies brasileiras em mais de mil. “Ao descrever 60 novas espécies de psilídeos, este estudo mostra apenas a ponta do iceberg”, declara Daniel Burckhardt, um dos autores do trabalho.
Projeto de pesquisa
Realizado em parceria entre a Embrapa e o Naturhistorisches Museum Basel (NHMB), a pesquisa visa ao avanço do conhecimento sobre os psilídeos no Brasil. O trabalho envolve coletas, identificação e descrição de novas espécies de psilídeos. Alguns desses insetos causam grandes prejuízos agrícolas e florestais, principalmente devido à transmissão de doenças bacterianas como o HLB dos citros, a principal enfermidade da cultura. Os dados obtidos são essenciais para o controle dessas pragas e sua gestão no setor agrícola e florestal.
Por meio da colaboração entre as instituições parceiras, o projeto também promoveu o treinamento de estudantes, profissionais na área de taxonomia de psilídeos, e de agentes da vigilância sanitária. As informações geradas contribuíram para o planejamento estratégico e o aprimoramento das práticas de manejo, fornecendo maior eficiência no controle de pragas.