Ouvindo...

Robôs na lavoura? Conheça as últimas novidades da robótica aplicada ao campo

Cientistas estão ensinando robôs a executarem diversas tarefas como aplicar herbicidas e identificar pragas e doenças

A máquina, movida a energia solar, tem de três a quatro computadores acoplados que se comunicam entre si.

Imagine um robô que consegue enxergar, aprender e andar sozinho pela plantação coletando dados e aplicando herbicidas. Pois ele existe e fez sucesso na última Agrishow em Ribeirão Preto. A máquina, formada por quatro computadores, foi criada pelo cientista cubano Britaldo Hernandez que mora no Brasil desde o início dos anos 2000. Há 30 anos, ele formou-se em engenharia e começou a trabalhar para o governo cubano desenvolvendo tecnologias para os canaviais.

Nos anos 90, veio algumas vezes à região de Araçatuba para conhecer as usinas e voltou para a terra natal com muitas ideias para modernizar as coisas por lá, mas encontrou muitas barreiras. Acabou voltando para o Brasil onde começou a colocar suas ideias em prática. “Sempre tentei fazer o melhor para Cuba e não pude. Mesmo com os problemas que o Brasil tem, aqui é muito melhor para trabalhar com tecnologia”, conta Hernandez.

Depois de duas décadas entre idas e vindas, Brit - como é conhecido - se juntou a outros cubanos que também participavam desses intercâmbios no Brasil. Ao todo, sete cientistas, ligados à área de tecnologia criaram um computador de bordo para lavouras.

A máquina, movida a energia solar, tem de três a quatro computadores acoplados que se comunicam entre si. Na lavoura, os comandos são dados por um técnico via internet. As câmeras que são consideradas os olhos do robô tiram fotos e registram cenas que ele considera importantes.

Robô agrícola que anda sozinho pela lavoura, aprende coisas novas e até aplica herbicida

“Sua principal função é de monitoramento, tanto do desenvolvimento da lavoura, quanto da quantidade de pragas”, conta Bruno Pavão, chefe de operações robóticas da empresa de tecnologia que criou a máquina.

O robô agrícola consegue coletar dados e avaliar milhares de plantas em um curto espaço de tempo, além de aplicar herbicida nas plantas daninhas. Para saber como andar na lavoura sem pisar nas plantações, o robô é treinado pelos e cientistas por meio da Inteligência Artificial (IA). É com esse recurso que ele também aprende a diferenciar as culturas de milho, soja, arroz e a diferenciá-las das ervas daninhas.

O preço varia de acordo com o modelo, mas o robô custa em média R$ 380

Máquina, desenvolvida pela Embrapa, ajuda na criação de novas variedades de plantas

Ricardo Inamaso, que é pesquisador da Embrapa Instrumentação, em São Carlos (SP), faz parte da equipe que desenvolveu o robô, junto com a empresa de Brit e a USP de São Carlos. Ele conta que o primeiro modelo foi criado em 2012. Uma de suas principais funções é coletar dados para ajudar no desenvolvimento de novas variedades. “Esse trabalho de forma manual, exige uma grande quantidade de pessoas fazendo anotações. Com o robô, o processo é muito mais rápido e eficaz”, explicou.

Hoje, essa máquina é muito utilizada nas pesquisas da própria Embrapa e tem incentivado outras empresas a investirem no segmento da robótica aplicada ao campo. Ricardo lembra que a agricultura não tem um ‘ambiente controlado’ como o de uma indústria automobilística, por exemplo. “São muitas as variáveis que podem interferir no desempenho de um robô como, por exemplo, o clima. Estamos no começo ainda, é um setor que ainda está sendo desbravado, mas que tem muito potencial para crescer. Vêm coisas boas por aí”, prevê.

Leia também


Participe dos canais da Itatiaia:

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.