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Brasil tem algumas das vacas mais caras do mundo; entenda por quê

Na semana passada, a venda de um terço da vaca Viatina 19 FIV Mara Móveis por quase R$ 7 milhões chamou a atenção do universo agro; ciência está por trás desse cenário promissor

Viatina alcançou recorde mundial ao ser avaliada em R$ 21 milhões, sua mãe também foi bastante premiada

A produção de carne por hectare no Brasil cresceu 36% na última década e o tempo de abate caiu de 5 para 2,5 anos nos últimos 40 anos. Isso significa que dois anos e meio depois de nascer, o boi já atingiu o peso ideal para ser abatido. Ao mesmo tempo, o peso médio do gado abatido saltou mais de 14% em duas décadas, enquanto o peso dos bezerros desmamados avançou 12% em dez anos.

O resultado é que temos algumas das vacas mais valorizadas do mundo, inclusive a recordista mundial, Viatina 19 FIV Mara Móveis, que teve um terço de seus direitos vendidos num leilão em junho em Arandu (SP) por R$ 6,993 milhões, alcançando um valor total de cerca de R$ 21 milhões, um recorde mundial.

Todos esses avanços só foram possíveis graças ao melhoramento genético. A seleção dos melhores gens com as características mais desejadas pelos pecuaristas permite que os animais tenham uma maior produtividade e, consequentemente, tragam un maior ganho financeiro.

Luiz Antônio Josahkian, superintendente técnico da ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu) explica que “a produção de carne está sustentada no tripé sanidade, alimentação e genética. “O Brasil apresentou evolução significativa nessa seara. Estudos apontam que a produtividade animal é responsável por 80% do aumento da produção pecuária, sendo 65% devido ao aumento do ganho em peso dos animais”. Segundo ele, o peso médio das carcaças bovinas de machos aumentou 12,6% em uma década, atingindo 19,83 arrobas em 2023 (cada arroba equivale a 15 quilos), e a produtividade por área subiu 36,8% no período, passando de 52,2 quilos por hectare para 71,4 quilos, em 2022.

"É um aumento expressivo se considerarmos que estamos falando do abate de mais de 42 milhões de animais em todo o país, envolvendo inúmeros sistemas de produção diferentes”, disse.

“A pecuária brasileira vem passando por uma verdadeira revolução positiva nas últimas décadas, com ganhos excepcionais em produtividade e eficiência. Os principais indicadores zootécnicos evoluem ano após ano. É o caso da precocidade sexual e de acabamento, a fertilidade de machos e fêmeas, o acabamento de carcaça de qualidade cada vez mais cedo”, disse o pecuarista e empresário Paulo de Castro Marques, da Casa Branca Agropastoril, um dos donos de Viatina.

Outra estrela dos leilões é a vaca Strela FIV do Mura que teve 50% de sua propriedade comercializada por R$ 2,569 milhões, na edição da Expozebu do ano passado.

Indianos fazem o caminho inverso, vindo buscar gado no Brasil

O presidente da ABCZ, Gabriel Garcia Cid, confirma que o momento vivido pela pecuária brasileira se deve essencialmente à genética e que ela é uma ferramenta indispensável para que as novas gerações de bovinos nasçam com características desejáveis, como adaptabilidade e eficiência.

“Um dia fomos à Índia em busca de zebuínos e hoje eles fazem o caminho contrário, vindo aqui comprar os melhores exemplares. Prova disso é a atuação do nosso departamento internacional da ABCZ que avança em relações comerciais com mais de 30 países e os mais de 700 visitantes que recebemos durante a Expozebu”.

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Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.