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Tem boi na estrada: 61 animais de elite enfrentam viagem de 1200 km até à Bolívia

Representantes das raças Gir Leiteiro, Nelore, Sindi e Girolando foram vendidos para 12 criatórios bolivianos

Quatro caminhões partiram para a Bolívia, levando 61 animais de elite

Cama de palha de arroz, água e ração em abundância. Esses foram alguns dos confortos providenciados para que 61 animais das raças Gir Leiteiro, Nelore, Sindi e Girolando aguentem firme a viagem de 1200 km, de Uberaba, no Triângulo Mineiro até a Bolívia. Ao todo, os ‘passageiros’ ocupam quatro caminhões com lotação abaixo de suas capacidades, que é pra ninguém se sentir apertado.

Antes do embarque, que aconteceu nesta segunda-feira (22), eles cumpriram 30 dias de quarentena na Fazenda Experimental da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), em Uberaba. Quarentena é o período em que animais ficam sendo monitorados para que se tenha certeza de que não carregam nenhuma enfermidade. Eles foram adquiridos de 20 criatórios de todo o país e vão para 12 criatórios bolivianos, disseminando a genética do Zebu brasileiro e melhorando o rebanho do país vizinho.

As negociações foram conduzidas pela Alvo Agro, que já comercializou gado vivo para mais de 22 países. “Uberaba é um polo de genética Zebu no mundo e os bolivianos descobriram isso há alguns anos. Por isso as exportações para o país têm acontecido com muita frequência. Estamos muito contentes porque, a cada ano, cresce a demanda por esses animais”, destaca Marcelo Guandalini, da Alvo Agro.

Animais cumpriram 30 dias de quarentena na Fazenda Experimental em Uberaba

Em 2023, o Brasil exportou quase 480 mil cabeças de bovinos para diversos países, entre gado comercial e gado de elite. O crescimento tem relação, principalmente, com a qualidade genética dos animais e o cumprimento dos protocolos sanitários internacionais. O quarentenário da ABCZ, constantemente utilizado por empresas exportadoras de gado em pé, é habilitado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil (MAPA).

Momento do embarque dos animais

“A estrutura atende todos as exigências do MAPA e possui um grande diferencial, que são paredões verdes nas laterais, proporcionando um bioclima muito agradável para o bem-estar dos animais, um dos fatores mais preconizados pelos países importadores”, detalha a Gerente da Fazenda Experimental da ABCZ, Nínive Jhors.

O MAPA acompanha todo o processo, inspecionando bem-estar dos animais, exames, vacinas, e logística de transporte.

“Vistoriamos os animais, registro, origem, condições de saúde, exames, vacinas e tudo o que for necessário, de acordo com o país importador. Acompanhamos todo o embarque e lacramos os caminhões para que cheguem nas mesmas condições ao destino”, ressalta o Auditor Fiscal Agropecuário Federal do MAPA, Fernando Augusto Santos.

Espaço para crescer

O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo, de acordo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).O comércio de animais vivos, embora promissor, exige uma operação logística complexa. Para chegar ao país de destino, o animal, geralmente, precisa enfrentar uma viagem de milhares de quilômetros, que vai da fazenda fornecedora ao porto de origem, passando pelo transporte marítimo e por terra, até o frigorífico ou a fazenda de destino. Muitas vezes ainda se exige um período de quarentena no mercado de destino.

A entrada do Brasil no restrito grupo exportadores de gado vivo é resultado do esforço conjunto do setor privado e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que criou as condições legais, de acordo com as normas internacionais, para impulsionar esse segmento exportador, reconhecendo a capacidade do IB para realizar as análises necessárias.
(*) Com informações da ABCZ.

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.