A 5ª edição da Festival Nacional do Baru (Fenabaru), realizado em Arinos, na semana passada, reuniu representantes de todos os processos produtivos da castanha para debater desafios e oportunidades para a cadeia.
Além dos produtores rurais, o encontro contou com a participação de pessoas ligadas a associações, organizações não governamentais, sindicatos, bancos, cooperativas de crédito, órgãos ambientais, universidades e poder público municipal.
Um memorando foi redigido estabelecendo um plano de ação e as diretrizes para os próximos anos. “A ideia é firmar uma pactuação de possibilidades de projetos para que a gente tenha um documento e consiga fazer cobranças necessárias para que as coisas realmente aconteçam”, explica a gestora da Copabase, Dionete Figueiredo. O objetivo, segundo ela, é fazer com que cada integrante do processo caminhe e se desenvolva de maneira integrada, fortalecendo cada vez mais a cadeia do baru.
De acordo com a analista do Sebrae Minas Daniele Moreira, o festival cumpriu o papel de promover o diálogo entre todos os envolvidos na produção e comercialização da castanha. “Foi um momento de unir esforços, debater desafios e propor ideias para avançarmos no desenvolvimento econômico e social, além de estabelecermos a cidade como a Capital do Baru”, disse.
Fruto do Cerrado
Coletado por meio do extrativismo sustentável em reservas de Cerrado, a castanha de baru e outros produtos oriundos do bioma são cultivados por agricultores familiares e comercializados pela Copabase, sediada em Arinos.
Alimento rico em nutrientes
Rico em propriedades nutricionais, o baru pode ser usado em diversas receitas culinárias. Nos últimos dois anos, o produto conquistou novos mercados em grandes centros do país e também do exterior. Considerada uma fortaleza dentro do movimento Slow Food, a iguaria pode ser encontrada em supermercados do Grupo Carrefour de Brasília e São Paulo e já foi exportada para os Estados Unidos. A castanha de baru também conquistou, em fevereiro deste ano, a certificação de produto orgânico pelo Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural (IBD).
Safra 2023 deverá ser produtiva
De acordo com o presidente da Copabase, José Milton da Silva Marques, a expectativa para a safra deste ano é positiva. No entanto, a capacidade de absorção da cooperativa ainda é bem menor do que a oferta dos produtores da região. “O mercado está aquecido e há interesse dos produtores em vender para a cooperativa uma boa demanda quanto à procura do produto beneficiado”.
A boa notícia é que, em 2023, depois de 16 anos de fundação, a cooperativa obteve um financiamento por meio do Pronaf Agroindústria, que vai investir R$ 380 mil para que a instituição possa comprar, armazenar e negociar a safra dos produtores. A expectativa para 2024 é estar com a castanha de baru disponível para comercialização nas 27 capitais do Brasil.
Gastronomia da terra
A programação do 5º Fenabaru contou também com um festival gastronômico. Por meio do programa Prepara Gastronomia, do Sebrae Minas, os empreendedores participaram de consultorias com o chef de cozinha Vinícius Curtts. “Foi um trabalho de valorização dos produtos do Cerrado no intuito de fazer os empresários entenderem a importância da geração de valor dos ingredientes locais”, explica Vinícius.
Segundo ele, a oleaginosa pode ser ingerida sozinha ou ainda ingrediente especial de receitas variadas, como bolos, farofas, tortas, saladas, entre outros. Ela também pode ser utilizada na forma de farinha.
Capital Nacional
Arinos, na região Noroeste de Minas, é conhecida como a “Capital Estadual do Baru”. Anualmente, a cidade comercializa cerca de 15 toneladas do fruto, gerando renda para cerca de 300 famílias do Urucuia Grande Sertão Veredas. Na avaliação da empreendedora Luciane Pimentel Nunes Galvão, proprietária do restaurante Fogão à Lenha, a consultoria especializada foi uma oportunidade de aprendizado que vai contribuir para o desenvolvimento das empresas participantes e também do município. “Todo esse trabalho fortalece o empreendedorismo local, proporciona a criação de novas receitas, valoriza os ingredientes da terra e faz com que a cidade fique mais conhecida”, ressalta.
A Fenabaru foi organizada pela Prefeitura de Arinos, pela Cooperativa Regional de Base na Agricultura Familiar e Extrativismo (Copabase) e pelo Central Veredas, com apoio do Sebrae Minas e outras entidades,