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2ª Festa do Queijo de Caeté é boa pedida para o fim de semana

Evento tem queijos com diferentes tempos de maturação e ainda doces, geleias, cervejas artesanais, licores e cachaças para o visitante harmonizar

Coordenador cultural Pedro Conceição: “dinheiro é consequência”

A 2ª Festa do Queijo de Caeté que prossegue até domingo (6) no Ginásio Poliesportivo da cidade, é uma boa pedida. Próximo a Belo Horizonte - cerca de 60 km - o evento tem atrações culturais como o cantor Dilsinho e a banda Charlie Brown Júnior, além de bandas locais e do cantor gospel, Gabriel Guedes, filho do ícone do ‘Clube da Esquina’, Beto Guedes.

Os produtores de queijo celebram, pelo segundo ano consecutivo, a conquista do reconhecimento da região “Entre Serras, da Piedade ao Caraça”, pelo governo do estado, como “microrregião produtora de Queijo Minas Artesanal”, o que atesta a qualidade do produto. A chancela deu um up no segmento local com muitos produtores buscando aprimoramento, conquistando visibilidade e até prêmios.

Um deles é Delmar Nunes, que ganhou uma medalha de bronze no concurso de Queijo na região de Santa Bárbara e viu o valor de seu queijo duplicar. “Produzo 20 peças por dia, vendo todas e ainda tem fila de espera”. Ele conta que quando comprou a fazenda São José sua intenção era apenas produzir leite. Mas depois de participar de uma reunião promovida pelo Senac na região que apresentou o projeto “Os Primórdios da Cozinha”, ele se lembrou que o pai e o avô faziam queijo Minas Artesanal para a família.

“Tentei puxar a receita pela memória e me arrisquei a fazer também. Claro que deu errado”.

Delmar, então, foi para a Serra da Canastra fazer um curso de QMA pelo Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) e tomou gosto. “Não era nada do que pensava. O segredo está no curral, na assepsia durante a ordenha, no trato e bem-estar das vacas. Um leite de má qualidade não dá um bom queijo Minas Artesanal”, contou o produtor que, hoje, cuida de seu rebanho, com medicamentos homeopáticos.

Tudo começou com Frei Rosário

A pesquisadora do Senac, Vani Pedrosa, conta que a história do Frei Rosário que maturava, secretamente, um queijo da Serra do Salitre, em uma cave construída por ele no “quintal” do Santuário da Piedade, também foi um incentivo para os produtores locais. “Ele havia feito um curso de maturação de queijos em Lion, na França, e quando retornou ao Brasil em 1950 achou que o clima da região era favorável para maturar queijos. Ele oferecia aos fiéis que o visitavam para degustar e esses ficavam maravilhados”.

Quando a história do “Queijo do Frei”, maturado numa pequena caverna, com fungos e bactérias do próprio ambiente, veio à tona, os produtores locais disseram que seus antepassados também faziam isso. “Começamos a pesquisar pra saber se tinha fundamento e descobrimos várias histórias que comprovam as rotas de queijo, a produção e de distribuição que já havia existido por ali. Conseguimos rotas de 1950, livros-caixa da antiga Casa Rocha em Santa Bárbara que falava desse comércio e ainda relatos em Taquaraçu de Minas, Nova União e Bom Jesus do Amparo.

“Entre Serras da Piedade ao Caraça” nome dado à região produtora, contempla os municípios de Catas Altas, Barão de Cocais, Santa Bárbara, Rio Piracicaba, Bom Jesus do Amparo e Caeté.

Decreto eterniza proteção ao queijo

O coordenador de Cultura da Prefeitura de Caeté, Pedro Conceição, informou que, no dia da abertura da 2ª Festa do Queijo, o prefeito Lucas Coelho publicou um decreto que reconhece o QMA como patrimônio imaterial do município e obriga o poder público a incentivar sua produção, protegê-la e defendê-la para sempre. O objetivo da festa, segundo ele, é promover o encontro entre produtores para que se conheçam, troquem ideias e conhecimento. “O dinheiro é consequência”.

A festa conta com a participação de 30 produtores de queijo, com iguarias com diferentes tempos de maturação e ainda estandes de outros produtos que harmonizam bem com os QMAs como cervejas artesanais, cachaças, licores, doces, geleias e cafés.

A 2ª Festa do Queijo de Caeté acontece no Ginásio Poliesportivo: Av. Carlos Cruz, s/n, bairro José Brandão.

Dia 5 - Charlie Brown Júnior - a partir das 21h

Dia 6 - Dilsinho - a partir das 18h

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.