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Ministério quer regularizar produtos à base de vegetais como o “leite de amêndoas” e a “carne de soja”

Estudo da Allied Market Research avaliou o mercado vegano em US$ 19,7 bilhões em 2020 com uma expectativa de crescimento de mais de US$ 36,3 bilhões até 2030

São chamados Plant Based itens alimentícios formulados unicamente por matérias-primas de origem vegetal

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) quer estabelecer crítérios de identidade e qualidade para produtos análogos aos de origem animal, mas que sejam de base vegetal, como a “carne de soja” ou o “leite de amêndoas”. Estão no foco do Ministério a regularização, a identidade visual e as regras de rotulagem.

Para isso, o órgão publicou a portaria nº 831 que submete à consulta pública, pelo prazo de 75 dias, a proposta para estabelecer os requisitos mínimos de identidade e qualidade.

São chamados Plant Based itens alimentícios formulados unicamente por matérias-primas de origem vegetal e que buscam espelhar características (organolépticas, nutricionais) de produtos de origem animal. De acordo com a nota publicada pelo Ministério, “essa é uma área inovadora com grande crescimento nos últimos anos, tanto em diversidade de produtos quanto em empresas que ingressam no setor, conquistando um nicho cada vez maior de consumidores e da fração de mercado de produtos protéicos”.

A proposta apresentada visa suprir a inexistência de um regulamento mínimo para produtos análogos de base vegetal que já se encontram no mercado nacional, além de viabilizar que esses sejam oferecidos ao consumidor com informações mais claras.

“Essa regularização permitirá que diversos produtos vegetais, que possuem um análogo animal com requisitos mínimos de identidade e qualidade já regulamentados, passem a ser fiscalizados pelo Mapa, permitindo a verificação da segurança e qualidade desses produtos, além de fornecer informações claras e precisas ao consumidor”, explica o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal, Hugo Caruso.

Quem quiser pode participar. As sugestões tecnicamente fundamentadas deverão ser encaminhadas por meio do Sistema de Monitoramento de Atos Normativos (Sisman), da Secretaria de Defesa Agropecuária, por meio do link: https://sistemasweb.agricultura.gov.br/sisman/. Para ter acesso ao Sisman, o usuário deverá efetuar cadastro prévio no Sistema de Solicitação de Acesso (SOLICITA), por meio do link: https://sistemasweb.agricultura.gov.br/solicita/.

Quatorze por cento dos brasileiros se declaram vegetarianos

Dados de 2021 da Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) mostraram que 46% dos brasileiros já deixam de comer carne por vontade própria pelo menos uma vez por semana. Outro estudo sobre o tema, realizado pelo Ibope Inteligência em 2018, revela que 14% dos brasileiros se declaram vegetarianos. Esse número representa um aumento de 75% em relação ao mesmo levantamento feito em 2012.

Um estudo da Allied Market Research aponta que o mercado vegano foi avaliado em US$ 19,7 bilhões em 2020, apresentando expectativa de crescimento para mais de US$ 36,3 bilhões até 2030. Um levantamento encomendado pela CNN Brasil ao Ministério da Economia aponta que nos últimos 10 anos aumentou em 500% o número de empresas abertas com o termo “vegano” no nome.

“A conscientização e a decisão por deixar de consumir produtos de origem animal é um processo lento, que enfrenta fatores culturais, hábitos e conceitos arraigados, e essa mudança acontece aos poucos. Mas percebemos que muitas pessoas têm diminuído o consumo e já fazem questão de adquirir produtos que não tenham sido testados em animais”, diz Ricardo Laurino, presidente da SVB.

O crescimento do número de brasileiros que querem evitar as carnes têm provocado impactos socioeconômicos com o surgimento de mercados especializados para esse público. Nos últimos vinte anos, triplicou no Brasil o número de estabelecimentos que comercializam produtos que vão de alimentos a vestimentas, passando por produtos cosméticos, de higiene, farmacêuticos e diversos itens produzidos sem nenhum ingrediente de origem animal.

(*) Com informações do Mapa.

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.