O preço médio de referência do leite foi divulgado nesta terça-feira (27) pelo Conselho Paritário entre Produtores de Leite e Indústrias de Laticínios- MG (Conseleite-MG). A projeção é que o valor médio de referência para o litro do leite entregue em junho a ser pago em julho seja de R$ 2,62.
O indicador é 4,8 % inferior ao consolidado em maio de 2023 (R$ 2,75). A resolução completa está disponível no site:
Vânia Guimarães, coordenadora da Câmara Técnica do Conseleite, falou sobre os resultados das reuniões que o colegiado vem realizando ao longo dos anos. “Nós sempre buscamos trazer para o conselho, o melhor do trabalho realizado pela Câmara Técnica, discutindo sempre os parâmetros utilizados para gerar os valores de referência na matéria prima leite que servem como base para livre negociação entre produtores de leite e indústria de laticínios de Minas Gerais.”
A gerente geral do Sistema Ocemg e presidente do Conseleite, Isabela Pérez, que conduziu o encontro, destacou o difícil momento para pecuaristas e empresas. Segundo a executiva, o cenário é agravado pela concorrência dos produtos lácteos importados da Argentina e do Uruguai, países que concedem subsídios e, por isso, conseguem oferecer preços mais competitivos. “O setor não tem mais onde ceder e está bastante prejudicado”, afirma Pérez.
Momento difícil para os produtores
Para o presidente da Comissão Técnica de Pecuária de Leite do Sistema Faemg Senar, Jonadân Ma, não está sendo nada fácil a realidade que o setor leiteiro está enfrentando. “Ainda que os custos de produção estejam menores em função da queda nos preços das commodities, a margem do produtor é mínima, chegando a ficar negativa em alguns casos”, afirma Ma.
Ainda segundo Jonadân, a produção está entrando no período da safra, que deveria ser um momento de alta e comemoração para os produtores, o que não vem acontecendo. “Estamos em uma situação muito diferente do pico de alta de preços que vivemos no ano passado. Passamos de um extremo ao outro: de uma alta grande para quedas expressivas, o que nos preocupa muito em relação ao Conseleite e ao mercado”, ponderou.
Na avaliação do segundo vice-presidente de Finanças do Sistema Faemg Senar e presidente do sindicato de Uberlândia, Thiago Silveira, a situação dos produtores de leite é preocupante. “Nós estamos vindo de dois anos com preço de leite melhor, porém com custo alto dos insumos. Infelizmente, o produtor não conseguiu fazer caixa. Eu cheguei a ter custo de produção beirando os R$ 3,00. Agora, as coisas se invertem, há uma queda de custos, mas também uma grande queda de preços”, lamentou.
Parceria para superar desafios
O presidente da comissão, Jonadân Ma acredita que para superar o grande desafio deste momento, será preciso que os produtores rurais e a indústria trabalhem juntos a fim de se aproximaram e utilizarem mais o Conseleite. “Precisamos pensar em uma política conjunta entre produtores e indústria de maneira que o Conseleite seja o critério, a ferramenta, mais adotada na relação que estabelece os preços tanto para produtores como para indústria, o que ajuda a mediar conflitos e a garantir um equilíbrio na comunicação”.
Os participantes da reunião ainda tiveram a oportunidade de discutir a sugestão feita pela Câmara Técnica de mudar a expressão “Valor de referência do leite padrão” para “Valor Base de referência”, mantendo as quatro linhas da tabela da resolução do conselho. A nova nomenclatura já foi adotada na Resolução do junho. A próxima reunião do Conseleite será em 26 de julho.