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Sete desafios para produzir um Queijo Minas Artesanal

Especialistas da Secretaria de Agricultura listam o que ainda falta ser conquistado, em termos de legislação, normas técnicas e promoção no universo dos queijos artesanais

Necessário que sejam criados regulamentos técnicos específicos para cada tipo de queijo

Apesar do sucesso de público e de vendas do 5º Festival do Queijo Minas Artesanal, realizado no Expominas, entre os dias 8 e 10 de junho, produtores de queijo ainda têm alguns desafios importantes para vencer.

A pedido da Itatiaia, o diretor de Agroindústria e Cooperativismo da Seapa, Ranier Chaves Figueiredo e a assessora técnica da Diretoria de Agroindústria e Cooperativismo, também da Seapa, Viviane Neri, listaram alguns dos pontos mais importantes que devem ser observados. Confira:

1 - Adequação das legislações exigidas pelos Serviços Oficiais de Inspeção. Como elas são complexas, isso explica o grande número de queijos artesanais não regularizados.

2 - É necessário que sejam criados regulamentos técnicos específicos para cada tipo de queijo. Esses precisam ser mais condizentes com a realidade e entendimento do produtor acerca das exigências e especificações.

3 - Universalização das Boas Práticas Agropecuárias – BPA (exemplo: sanidade do rebanho e higiene de ordenha) e também das Boas Práticas de Fabricação – BPF (exemplo: rastreabilidade de produto, higiene de manipuladores e utensílios).

4 - Nesse sentido, importante também que se estruture e fortaleça os Serviços de Inspeção Municipal, de forma individual ou consorciada.

Dica: O Serviço de Inspeção Municipal possui vantagens tais como: ser um serviço localizado e, portanto, mais próximo do produtor e de sua realidade, proporcionando uma certificação mais rápida e, que pode impulsionar várias queijarias e garantir, assim, o consumo de queijos seguros. Vale ressaltar também que o Ministério da Agricultura (MAPA) publicou o Decreto 11.099, que permite que o Selo Arte possa ser concedido pelos municípios através do SIM. O normativo possibilita que o produto artesanal seja comercializado em todo o território brasileiro, tornando ainda mais viável a estruturação do serviço de inspeção municipal.

5 - Promoção de acesso facilitado a linhas de crédito e financiamentos para produtores,. Um grande entrave na produção dos queijos são os altos custos analíticos para que seja feito o controle de qualidade dos queijos.

6 -Resgate e promoção dos queijos artesanais mineiros, uma vez que nem todo Queijo Artesanal é um Queijo Minas Artesanal (QMA). Temos vários outros tipos de queijos artesanais no estado, que precisam ser resgatados e reconhecidos pelo estado.

7 - Estruturação de laboratórios para análise de alimentos em diversas localidades do estado

Ranier conta ser comum ouvir relatos de produtores de queijos típicos que são ou eram produzidos e hoje são desconhecidos pela maioria da sociedade. Isto se deu pelo processo histórico de cerceamento da produção artesanal e industrialização da cadeia produtiva de queijos. Um exemplo é o que está ocorrendo com o Queijo Cozido, em processo de reconhecimento pela Seapa e suas vinculadas e, praticamente, não é conhecido pela maior parte dos consumidores mineiros. Tal como o Queijo Cozido, certamente temos e teremos outros queijos artesanais importantes entrando no holofote de valorização que o QMA, o Queijo Artesanal de Alagoa e o da Mantiqueira de Minas já desfrutam”.

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.