Ouvindo...

Quem disse que boi não voa? Trezentos touros Guzerá embarcaram de avião para o Senegal

Animais foram adquiridos por produtor senegalês e o avião foi escolhido como meio de transporte porque, de navio, seria necessário reunir 1000 animais; custo da operação não foi divulgado

a maior exportação via área de machos melhoradores guzerá desde a chegada da raça zebuína indiana ao Brasil, ainda na década de 70.

Confortavelmente instalados em baias refrigeradas, a 15 graus centígrados, de um Boeing 777F da Ethiopian Airlines, 312 touros brasileiros embarcaram, no início do mês, para o Senegal, na África. E passam bem, obrigado. Trata-se da maior exportação via área de machos melhoradores guzerá desde a chegada da raça zebuína indiana ao Brasil, na década de 70.

A aterrissagem aconteceu, sem sobressaltos, no Aeroporto Internacional Blaise Diagne, em Dakar. Além dos animais, havia a bordo apenas o piloto, dois tripulantes e o dono da empresa que intermediou a compra dos animais, Cristiano Lima.

A operação via área, pouco comum, se deu devido à urgência do comprador, uma vez que, de navio, seriam necessários vários dias para se chegar ao destino e seria necessário reunir 1000 touros. O custo da operação não foi divulgado.

Os senegaleses querem fazer ‘melhoramento genético’ em seus rebanhos. As negociações começaram há cerca de cinco meses, por meio da GBC Internacional, empresa especializada em exportação de gado em pé, commodities e logística. Trata-se de uma das maiores exportações da história do guzerá brasileiro. Os touros ficaram em quarentena no interior de São Paulo, sob rigoroso protocolo sanitário.

As viagens ocorreram nos dia 7 e 10 de maio, partindo do aeroporto de Viracopos em Campinas (SP) por se tratar do maior terminal para cargas do país. Além dos animais da raça Guzerá, um casal da raça Sindi também foi embarcado.

“Ninguém nunca reuniu tantos touros guzerá, principalmente PO, puro de origem, registrado, e para melhoria genética, de reprodução”, conta, orgulhoso, diretor-presidente da GBC Internacional, Cristiano Lima. Há 23 anos no mercado, a empresa é pioneira no envio de animais por via aérea para o oeste da África, atendendo desde 2015 a um programa do governo senegalês para melhoramento do rebanho local.

Como foi a seleção?

Os animais foram, cuidadosamente, selecionados em 14 criatórios referência na raça: Guzerá NF, Guzerá GL, Guzerá Juzz, Guzerá Morumbi, Guzerá Pedra Negra, Taboquinha, Guzerá Sula, Guzerá ANPL, Guzerá AWS, Cassilândia, Ibituruna, Guzerá Império, Guzerá MF e Guzerá da Geada. Só os melhores.

A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu ( ABCZ) e a Associação dos Criadores de Guzerá do Brasil ( ACGB) comemoram a exportação atípica.

“Estamos honrados em fazer parte desse episódio marcante da história do Zebu brasileiro. Esses touros vão contribuir de forma significativa para o melhoramento genético dos rebanhos produtores de carne e de leite do Senegal. A meta da GBC é expandir esse modelo de negócio para outros 14 países que compõem a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO)”, disse Cristiano Lima, CEO da empresa.

Sobre o Guzerá?

Originário de áreas desérticas da Índia, o guzerá é uma raça extremamente rústica, resistente e com uma excelente conversão alimentar. Foi o primeiro zebuíno a ser introduzido no Brasil e, devido a sua aptidão tanto para corte quanto para leite, é bastante demandado para melhoramento genético de rebanhos, dando origem a raças como o guzolando (quando cruzado com raças holandesas para produção de leite) e do guzonel (cruzamento com nelore, para produção de carne).

A Rádio de Minas. Tudo sobre o futebol mineiro, política, economia e informações de todo o Estado. A Itatiaia dá notícia de tudo.