Apesar das chuvas 50% acima da média histórica para o período, o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) alerta para a queda na produção de laranja na safra 2023/2024 no cinturão citrícola de São Paulo/Triângulo/Sudoeste Mineiro.
A previsão, que era de 314 milhões de caixas da fruta, não deverá passar das 309 milhões (cada caixa contém pouco mais de 40 kg). São dois os principais motivos: o ciclo bienal de produção, que resulta numa menor carga de frutos por árvore na safra de ciclo negativo, e o aumento da ocorrência do Greening, principal praga que acomete os laranjais pelo mundo afora.
Previsão de frutas mais ‘graúdas’
Enquanto na safra anterior, o número médio de frutos por árvore aumentou em cerca de 5%, nesta safra ocorreu uma queda na mesma proporção. Para compensar, as projeções indicam aumento do peso médio das laranjas - cerca de 165 gramas - colhidas e a redução da taxa de queda prematura de frutos. Assim, será possível minimizar o impacto decorrente da diminuição da quantidade de frutos.
Fim do La Niña
O principal indicativo desse prognóstico é o fim do fenômeno La Niña, que durou três anos, e a chegada prevista do fenômeno El Niño no segundo semestre de 2023, de acordo com informações da Somar/Climatempo meteorologia. Isso fará com que as chuvas volumosas ocorridas desde o ano passado em todo o cinturão citrícola continuem durante toda a temporada.
Colheita será mais cedo
Outra boa notícia é que o maior percentual de frutos na primeira florada, deverá possibilitar que a colheita seja iniciada mais cedo, antecipando o processamento industrial e a chegada à mesa do consumidor. Essa aceleração da colheita é vantajosa, pois pode evitar que a taxa de queda prematura de frutos das variedades tardias alcance níveis tão elevados quanto os da safra anterior, cujas colheitas se estenderam até abril de 2023.
Outros fatores que ajudam a reduzir a perda de frutos incluem a reserva de umidade do solo, que se mantém alta desde a primavera de 2022, e a diminuição da produção do Sul e Sudoeste, onde a taxa de queda foi maior na última safra.
Greening continua impactando
Apesar desses fatores positivos, a incidência e severidade do greening continuam impactando nas lavouras. Na safra anterior, essa doença foi a segunda maior responsável pela queda de frutos, representando mais de um quarto do índice total de 21,30%. A taxa de queda para essa safra está projetada em 21%, semelhante à do ano anterior. A produtividade média nesta temporada é praticamente a mesma do ano anterior, com 918 caixas por hectare e 1,83 caixas por árvore, em comparação com as 912 caixas por hectare e 1,85 caixas por árvore colhidas na safra 2022/23.
O que é greening? Entenda
Também conhecido como huanglongbing e HLB, ataca todos os tipos de citros e não há cura para as plantas doentes. As árvores novas afetadas não chegam a produzir e as adultas em produção sofrem uma grande queda prematura de frutos e definham ao longo do tempo. A bactéria Candidatus Liberibacter asiaticus é a principal causadora da doença no Brasil, presente em mais de 99% das plantas doentes.
As bactérias do greening são transmitidas pelo psilídeo Diaphorina citri, inseto de coloração branca acinzentada e manchas escuras nas asas, com comprimento de 2 a 3 mm, e muito frequente nos pomares nas épocas de brotação das plantas. O controle do greening exige o plantio de mudas sadias, a eliminação das plantas doentes e o controle do psilídeo.