O fruticultor Rafael Arcuri Neto do município de Campanha, sul de Minas, conta que as chuvas de granizo do final do ano passado comprometeram muito a safra desse ano. Dos 50 hectares plantados na fazenda do Marreco Preto, de sua propriedade, apenas 10% puderam ser aproveitados. Ele que, normalmente, produz 2 mil toneladas de mexerica, por ano, nessa safra deverá entregar ao mercado apenas 200 toneladas.
“As pedras de gelo derrubaram as floradas, feriram as árvores e, em alguns casos extremos, dizimaram os pés. Há muitos anos, eu não via um fenômeno como esse. Aqui no sul de Minas, a maioria dos produtores tiveram perdas significativas. Apenas uns dois ou três escaparam”, contou. Se ele acredita que isso vai impactar no preço final da fruta? “Depende da safra paulista, se coincidir com a nossa, não sobe”, acredita ele, acrescentando que, para ele, será um ano de grande prejuízo. “Vou ter um faturamento muito pequeno, com os mesmos custos e ainda tenho que manter os investimentos pois os pomares têm que ser tratados para produzirem nos anos seguintes”.
O analista de Assistência Técnica e Gerencial do Sistema Faemg/Senar, João Thomaz Cruz Silva, confirma que as lavouras de mexerica e dos chamados citros (incluindo a laranja e o limão) de um modo geral, sofreram bastante com a geada e as chuvas de granizo do final do ano passado.
“Houve uma quebra de safra que deverá impactar numa redução da produção. Quando isso ocorre, os produtores precisam entrar com o manejo de poda, visando a recuperação do pomar para 2024 e isso, claro, afeta o mercado atual e o preço final ao consumidor. Então, é bem provável que a mexerica fique sim um pouco mais cara, se comparada aos anos anteriores, em função da menor oferta”, explicou.
Mas o analista lembra que nem todas as regiões produtoras da fruta, no estado, foram afetadas. No Norte de Minas, por exemplo, mais precisamente nos municípios de Jaíba, Matias Cardoso e Formoso, não foram registradas intercorrências climáticas. “Portanto, não deveremos ter uma variação tão grande nos preços nas frutas oriundas dessa região, equilibrando o mercado final”.
Greening é o vilão
A doença de greening é o principal pesadelo dos produtores de citros. Causada pela bactéria Candidatus liberibacter, transmitida pelo inseto psilídeo (Diaphorina citri), tem a capacidade de dizimar lavouras inteiras.
A bactéria se aloja no floema e rapidamente se espalha. Não há cura.
Os sinais de contaminação são um amarelecimento irregular e sem simetria nas folhas. Os frutos amadurecem de forma irregular e também apresentam deformações e assimetrias.
O manejo do greening é realizado por meio do controle do psilídeo, inspeção e monitoramento constante além da erradicação das plantas contaminadas.