Pecuaristas captaram no país, em 2022, 23,85 bilhões de litros de leite, o que representa uma queda de 5% na comparação com o volume captado em 2021. Essa é a segunda queda consecutiva após o recorde observado em 2020. Os dados são da Estatística da Produção Pecuária divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), essa semana.
Bernardo Viscardi, analista responsável pela pesquisa, explicou que o desempenho pode ser explicado pelo fenômeno La Niña, que provocou seca no sul do Brasil e prejudicou as pastagens, resultando na diminuição da produção de leite. “Os altos custos de produção, que influenciam o preço do leite, envolvendo ração, energia e combustível, associados à baixa demanda do mercado interno, foram outros fatores importantes”, acrescentou.
O engenheiro agrônomo e consultor master do Sistema Faemg/Senar, Walter Ribeiro, explicou que, além dos fatores citados acima, o preço da arroba do boi subiu no ano passado, o que estimula o abate das vacas, impactando na produção de leite. De fato, segundo o analista do IBGE, confirma que houve aumento de 19,1% no abate de fêmeas. “São os ciclos da pecuária. Depois de um período de retenção das vacas para procriação, seguido pela entrada dos bezerros no mercado e sua consequente desvalorização pelo aumento da oferta, as fêmeas começam a ser destinadas ao abate”, explicou. “São movimentos normais de mercado”, reiterou Ribeiro.
Mais uma vez, Minas Gerais ficou na liderança no ranking nacional. Dessa vez, com 24,5% de participação, seguido pelo Paraná (14,3%) e Rio Grande do Sul (13,3%).
Produção de couro registrou leve aumento
A produção em curtumes com, pelo menos, 5 mil unidades inteiras de couro cru bovino por ano, atingiu o total de 30,11 milhões de peças inteiras. É um aumento de 2,4% em relação ao ano anterior.
Segundo o IBGE, o incremento do recebimento de peles bovinas em 13 dos 18 estados que têm curtumes elegíveis pela pesquisa, influenciou o resultado. Com 16,6% de participação, Mato Grosso se manteve na liderança do ranking nacional, seguido por Mato Grosso do Sul, com 13,8%, e São Paulo, com 11,1%.
A aquisição de peças de couro pelos curtumes avançou 5,4% em relação ao 4º trimestre de 2021, e retração de 4,6% se comparado ao trimestre anterior. Na soma, foram 7,62 milhões de peças de couro cru.